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sexta-feira, 17 de julho de 2015

Mujica: 'Direita brasileira quer criminalizar Dilma e Lula'

Mujica afirmou que o 'ranço capitalista do Brasil imperial não pode aceitar a liderança de homens e mulheres que tendem a representar as maiorias' 

Revista Fórum

Em seu programa de rádio na última terça-feira (14), o ex-presidente do Uruguai José Mujica falou sobre a crise política que atinge o Brasil. “Há uma dura, frenética e pensada campanha da extrema direita que procura criminalizar o PT, a senhora presidente (Dilma Rousseff) e Lula”, avaliou, destacando que a conjuntura atual é similar à da época de Getúlio Vargas, a quem qualificou como “grande presidente da história do Brasil”. As informações são do portal Terra.

Segundo Mujica, a campanha de “criminalização começou há mais de dois anos, e usa toda a artilharia possível, naturalmente tendo como ponta de lança os grandes meios de comunicação que estão ao seu serviço”. Para ele, a estratégia é operada pelo Brasil “conservador, reacionário, que pensa com um selo paulista como se São Paulo fosse uma nova metrópole, e que como tal o resto do país deve se subordinar”.

O ex-presidente disse que não se surpreende com a tentativa de deterioração da imagem de Lula e Dilma, já que “esse ranço capitalista do Brasil imperial não pode aceitar a liderança de homens e mulheres que não são de sua entranha, mas definitivamente tendem a ser e representar as imensas maiorias”. “Tirar 40 milhões de cidadãos da miséria. É isso o que significou o governo do PT e principalmente o impulso de Lula, assinando talvez em termos quantitativos a maior façanha da história econômica da América Latina, se por façanha se entende como vivem as pessoas e não simplesmente números, papéis”, analisou.

Embora tenha enaltecido os avanços dos governos petistas, o uruguaio frisou que ainda há muito a ser construído, pois persistem “diferenças internas avassaladoras que conseguiram diminuir, mas só diminuir”. “Este dilema político que está colocado hoje definirá a sorte de milhões de brasileiros que, conscientes ou não, ainda sofrem discriminação de caráter econômico nesse país continental, tão rico e tão importante para o resto dos latino-americanos”, argumentou.

Para finalizar, após cerca de dez minutos comentando o assunto, Mujica declarou que “está com aqueles que dentro do Brasil lutam pela igualdade, pelo desenvolvimento, por compartilhar a riqueza, por fazer crescer a justiça social e por multiplicar a irmandade entre os povos latino-americanos”.
Texto original: CARTA MAIOR

terça-feira, 5 de maio de 2015

Os motivos para o desespero da oposição

O desespero da oposição tem fundamento

por Alberto Kopittke*, no Sul21

É preciso olhar o atual ataque que a oposição político-midiática-financeira está fazendo ao Governo Dilma para além da onda de ódio disseminada em setores da classe média para que se compreenda os seus reais motivos.

As razões para um ataque tão virulento, beirando ilações de apoio a um Golpe de Estado, obviamente não estão na indignação do PSDB, da Rede Globo, da Veja, ou do capital financeiro em relação a corrupção, com a qual sempre conviveram tranquilamente, quando lhes convinha.

O que a oposição percebeu é que, após atravessar mais um ou dois semestres com dificuldades econômicas, os últimos três anos do Governo Dilma podem ser o ápice do atual projeto nacional-desenvolvimentista, iniciado em 2002.

A partir do segundo semestre do ano que vem, o Governo começará a inaugurar as grandes obras dos Governos Lula e Dilma, como a transposição do Rio São Francisco; as Hidrelétricas de Belo Monte (a terceira maior do mundo), de Jirau e de Santo Antônio; a expansão e construção de pelo menos 6 metrôs que estão em obras e dezenas de BRTs; pontes, como a de Laguna (SC) e a segunda Ponte do Guaíba (RS); grandes trechos da Ferrovia Norte Sul; ampliação e modernização dos maiores aeroportos do país; plataforma de petróleo; refinaria Abreu e Lima, que será a mais moderna do país; entre muitas outras.

A Petrobrás que nos últimos anos fez muitos investimentos para se preparar para o pré-sal, volta a se capitalizar a partir de 2016 e as extrações de Petróleo quadruplicam nos próximos três anos.

Além disso, a inflação tende a recuar e a economia voltar a crescer, gerando mais alguns milhões de empregos. E, de quebra, a Presidenta ainda inaugura a Cidade Olímpica e o Parque Olímpica e recepciona as Olimpíadas e as ParaOlimpíadas de 2016, em um megaevento que tende a ser 6 vezes maior que a Copa do Mundo.

Neste cenário, dá para entender o desespero da oposição e seu desatino golpista. Eles sabem que tudo o que foi plantado nos últimos 12 anos, será colhido nos próximos quatro.

*Alberto Kopittke é advogado e vereador de Porto Alegre.

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Texto0 original: VI O MUNDO

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Mídia atropela a notícia para servir ao “governo anterior”

publicado em 13 de fevereiro de 2015 às 10:54

Foto do Facebook de Maurício Machado registra: “período que antecede o governo petista” é governo FHC!

por Luiz Carlos Azenha

Milhares de pessoas cercam o prédio de uma assembleia legislativa. Encaram bombas e balas de borracha. Impedem a votação do plano de austeridade de um dos principais governos estaduais do Brasil.

Manchete da Folha? Outra notícia, vinda também de Curitiba, extraída de um antigo depoimento do doleiro: José Dirceu sabia (dos desvios na Petrobras). Depoimento, aliás, desmentido pelo próprio. E pelo também citado tesoureiro do PT, João Vaccari. O doleiro disse à PF o que bem entendeu. No caso, ele é o réu confesso. Mas sua palavra é publicada como verdade absoluta e inquestionável.

O que está acontecendo?

O suposto envolvimento de Dirceu cai como uma luva no roteiro. Mensalão + petrolão = Lula derrotado em 2018. Mas, para que tenha credibilidade, é preciso eliminar do escândalo o que a Globonews chamou de “período que antecede o governo petista”. Sarney? Itamar? Médici?

É por isso que, como notou o presidente do PT, a curiosidade dos delegados que colhem depoimentos na Operação Lava Jato parece se fixar no período pós-2003.

É como se Youssef, o doleiro, não tivesse servido também a tucanos.

Aliás, a credibilidade do PT está no fim com os eleitores também pelo fato de o partido ter convivido muito bem, sempre, com a herança maldita dos antecessores.

A origem da máfia dos sanguessugas — que vendia ambulâncias superfaturadas — foi o ministério da Saúde sob José Serra, mas ela prosseguiu depois que Lula assumiu o poder.

O mesmo aconteceu com a máfia dos vampiros — que negociava hemoderivados.

O PT de Lula, em nome de um acordo em Minas, manteve no poder em Furnas o diretor Dimas Toledo, justamente o homem da Lista de Furnas, o esquema de financiamento de campanha de tucanos e aliados através dos fornecedores da estatal.

Marcos Valério serviu ao esquema de caixa 2 do PSDB e aliados antes de repetir a jogada com o PT e aliados.

Quando o PT no poder teve a oportunidade de provocar rupturas com o passado, não o fez.

CPI do Banestado? Terminou em acordão. CPI da Privataria? Nem então, nem depois do livro de Amaury Ribeiro Jr.

Quando um delegado da Polícia Federal teve a coragem de encanar o banqueiro, o governo se voltou… contra o delegado. O chefe da Polícia Federal foi mandado para o exílio. O banqueiro hoje financia um site de apoio ao governo Dilma!

Quando um repórter da Veja foi flagrado em aliança jornalística com o bicheiro, o PT olhou, olhou e fez que não viu.

Por isso, não foi surpresa quando o vice de um governador tucano — Afif Domingos — se tornou ministro de uma presidente petista.

Ninguém enrubesce com a perspectiva de ver Marta Suplicy, petista histórica, concorrendo à Prefeitura de São Paulo pelo PSB com o apoio de Geraldo Alckmin.

É nesta geleia geral que Curitiba assume relevância ainda maior. Não a Curitiba do Moro, mas a que impediu a austeridade de Beto Richa.

É junho de 2013, de novo.

Mas a mídia não entendeu isso. Ela está ocupada na campanha que parece não ter fim: criminalizar apenas um dos irmãos — eles estão ficando cada vez mais parecidos.

Não mencionem “PSDB” que ela enterra nas páginas internas. Na Globo, como famosamente saia no Jornal Nacional já na campanha de 2006, é “o governo anterior”.

Para esconder o grande desastre em andamento no Brasil, o apagão da água em São Paulo — este sim, não é um depoimento sem provas –, disfarça criando a perspectiva de um racionamento de energia que ainda nem é considerado.

É a mídia, em campanha permanente contra o trabalhismo desde 2003.

PS do Viomundo: Conforme dissemos anteriormente, quando a blogosfera entrou em surto com a eleição de Eduardo Cunha, ele nunca se interessou pelo impeachment de Dilma. Definido como lobista por Altamiro Borges, o deputado carioca é isso: serviçal da grana. Ele não vai entregar a chave do cofre para os tucanos. Jamais. Cunha é o artífice da reação da elite brasileira contra junho de 2003. Se deixarem, vai fazer uma reforma política que nos fará ficar com saudade daquele Congresso cercado pelos manifestantes.

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Texto original: VI O MUNDO

A pauta da rebelião curitibana

A mídia, abestalhada de tanto bolor reacionário, não deu a mínima para os protestos contra as medidas do governo do Paraná, que coincidentemente, é do PSDB

Da redação

Na última quinta-feira, Curitiba, a capital paranaense, assistiu a uma rebelião como há muito não se via no estado, governado atualmente pelo tucano Beto Richa, reeleito em 2014.

Milhares de professores e servidores públicos em greve cercaram a Assembleia Legislativa do Estado para impedir a entrada de deputados e a sessão do dia. Na pauta principal havia um fornido pacotaço de arrocho que atingiria duramente a qualidade da escola pública e a remuneração do professorado do Paraná.

A base de apoio de Beto Richa, festejada pela mídia conservadora como um ’tucano promissor’ após a reeleição em primeiro turno no ano passado, conseguiu alcançar o prédio viajando em ônibus blindado e escoltado, que usou o acesso dos fundos do edifício.

Foto: Leandro Taques / Mídia Ninja 

O episódio só elevou a tensão do lado de fora.

A partir daí, o aparato policial que despejava bombas, cacetes e gás nos manifestantes percebeu que a revolta dificilmente seria contido sem sangue quando a massa decidisse invadir o prédio.



Acuado pelo formigueiro humano em ebulição, o governador do PSDB recuou e retirou o pacotaço da pauta. De saída chamou de ‘baderneiros’ os manifestantes que festejavam nas ruas da capital paranaense sem baixar o cerco na Assembleia. 

Fosse na Ucrânia, ou no conflagrado Paquistão, ou ainda no Congo, ou por certo se ocorresse no entorno da Casa Rosada, na Argentina, melhor ainda, tivesse havido um cerco semelhante no palácio do governo em Caracas, quem sabe em Havana, como reagiria a mídia isenta e seu colunismo abestalhado de tanto bolor reacionário? 

Foto: Leandro Kissner / Fotos Públicas 

Abriria fotos de cinco colunas na primeira página dos diários e providenciaria escaladas extras dos telejornais em cobertura ao vivo.

Em estado de choque, porém, com o atropelamento de um de seus delfins, o que se viu de fato foi a suavização indecorosa do noticiário do levante curitibano, que teve suas imagens sonegadas em quase todos os diários na primeira página, e uma cobertura envergonhada nas internas. A Folha, por mérito, se impõe como paradigma dessa norma. Ao lado de uma foto de Pizzolato, entrando e um carro na Itália, deu um pequeno registro da explosão popular em Curitiba na 1ª página. E só na página 8 voltaria ao assunto com uma cobertura burocrática na qual não informava, sequer, o motivo da revolta e a reivindicação dos manifestantes: imedir o desmonte da escola pública por um governador do PSDB.

Para suprir essa lacuna deliberada de informação, leia abaixo as explicações do Sindicato dos professores do Paraná:

GREVE GERAL! BARRAR O DESMONTE DA ESCOLA PÚBLICA NO PARANÁ

Ele foi eleito Governador, não Imperador!

Só a mobilização imediata com uma GREVE GERAL por tempo indeterminado poderá barrar a sanha destrutiva do governo Beto Richa(PSDB) sobre a educação do Paraná!

Os(as) Trabalhadores(as) em Educação Pública do Paraná, através da APP-Sindicato, vem há décadas lutando intensamente pela ampliação de seus direitos, por melhores condições de trabalho e consequentemente por uma escola pública de mais qualidade. Juntamente com colegas educadores(as) de todo o Brasil reunidos na CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, travamos uma luta por um sistema público de educação e por valorização dos profissionais da Educação que remonta aos tempos do Brasil imperial.

Assim pensando, lutando e resistindo, avançamos coletivamente nos últimos anos em conquistas importantíssimas como: Planos de carreira de Professores(as) e Funcionários(as), equiparação salarial do magistério – não faz tempo os professores recebiam salários muito mais baixos que os demais servidores aos quais também é exigido nível superior para ingresso no mundo do trabalho público paranaense – 1/3 de hora atividade para professores(as) – tempo destinado ao trabalho docente fora da sala de aula - eleição para diretores(as) de escolas, além de manter uma luta permanente pelos direitos de uma aposentadoria digna depois de uma vida laboral dedicada aos fazeres do ensino-aprendizagem das gerações.

A reeleição em primeiro turno do governador do estado promoveu uma verdadeira guinada no comportamento de um político que afirmou com todas as letras que não mediria esforços para a valorização da escola pública e de seus Educadores. Em debate com os demais candidatos na APP-Sindicato no dia 19 de agosto, durante a campanha eleitoral, assumiu compromissos com uma pauta extensa que estava até agora em processos de debates, em grupos de trabalho, construção esta que vai por terra com as ultimas medidas adotadas.

Foram inúmero ataques até agora:

- Cancelamento do processo de eleição dos diretores e diretoras das escolas – o governador juntamente com um grupo de deputados estadual, desfez a própria resolução que havia desencadeado todo o processo. As escolas já tinham realizado assembleias, eleito comissões eleitorais e chapas já haviam se inscrito para o pleito marcado para o final de novembro/2014.

- Tarifaço final de ano – Além de penalizar toda a população paranaense com aumentos do IPVA, e a tarifa de ICMS de mais de 95 mil produtos, atacou a previdência pública, taxando em 11% o salário dos aposentados do estado bem como criou o fundo complementar para os futuros servidores públicos, estes fundos tem sido criticados mundialmente especialmente pela insegurança que geram quanto ao futuro pois quebra princípios caros na cultura previdenciária brasileira como o da solidariedade entre ativos e inativos.

- Impedimento de matrículas para 6º anos do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio em muitas escolas de pequeno porte, especialmente as escolas do campo, em curto período em escolas estarão fechadas para sempre, novamente sem ouvir a comunidade escolar nem os diretores.

- Decretos da posse – Não bastasse os mais de 20 projetos de lei do pacotaço, em plena data da posse o governador anuncia um conjunto de decretos que promovem uma não assumida reforma de estado.

Outras dívidas com a Educação:

- 29 mil professores(as) PSS – contratados temporários – com atrasos de pagamento, sem acertos da rescisão, demitidos sumariamente.

- 10 mil funcionários(as) de escola afastados com a promessa de corte de 30 % deste efetivo – as escolas do Paraná carecem de mais funcionários(as) para atender adequadamente os(as) estudantes.

- Não pagamento (conforme o governo anunciara) de 1/3 das férias – cerca de R$ 150 milhões.

- Não pagamento de promoções e progressões de professores(as) e funcionários(as) durante todo o ano de 2014, direito esse garantido pelos Planos de Carreira dos dois segmentos. Essa dívida já soma 90 milhões.

- Atraso sistemático no repasse de parcelas do fundo rotativo – esse recurso são utilizados para a manutenção e pequenos reparos nas escolas.
- atrasos do pagamento de convênios com escolas, entidades da educação especial, escolas itinerantes da reforma agrária.

- cancelamento da distribuição de aulas feitas em dezembro.

- Retomada de portaria antiga sobre o porte de escola – portaria esta que reduz horas para direção das escolas, número de pedagogos e pedagogas, funcionários(as) em número insuficiente para manter as escolas em condições de atender adequadamente os(as) estudantes.

- Superlotação de alunos(as) em salas de aulas.

Não bastasse todo o DESMONTE que denunciávamos como o caos instalado na educação do Paraná, veio mais um pacote de maldades divulgado nesta quarta-feira pela ALEP – Assembleia Legislativa do Paraná!

As mensagens de lei 01/2015 e 02/2015, enviadas pelo governador Beto Richa, se aprovadas pelos deputados(as), promoverão um tão retrocesso nas escolas que não serão recuperados senão em longo prazo. Gerações serão penalizadas com a precarização da escola pública.

Essas mensagens promovem um ataque com retirada de direitos de todos os segmentos dos Trabalhadores(as) em Educação, inclusive os(as) aposentados(as).

GASTOS DO ESTADO – Temos avaliado que a crise financeira do Paraná, passa principalmente pela péssima gestão desta área no governo Richa. Retrocessos na transparência tornam cada vez mais difícil estabelecer uma avaliação adequada e mais precisa. Porém ações governamentais apontam a opção clara deste governo neoliberal, promover estado mínimo com enriquecimento da parcela encastelada no poder: mais de R$ 400 milhões, em publicidade e propaganda, aumento de mais de 4.000% em processamento de dados, rompendo a política de software livre; aumento de 295% para salários dos cargos comissionados; antecipação de receitas extraordinárias que farão faltas futuramente; renegociou precatórios.

Assim sendo, com o agravamento da crise generalizada no interior das escolas paranaenses, iremos para a assembleia estadual no sábado(07), em Guarapuava, num consenso preliminar de que não há mais um dia sem iniciar a greve geral.

O esforço e a pauta central da greve será exatamente lutar para derrotar este pacotaço de desmonte geral dos direitos dos(as) TRABALHADORES(AS) EM EDUCAÇÃO bem como barrar o DESMONTE ORGANIZATIVO E ADMINISTRATIVO DAS ESCOLAS.

Hermes Silva Leão, professor de Educação Física e Pedagogo, é Presidente da APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná

Créditos da foto: Leandro Taques / Mídia Ninja

Texto original: CARTA MAIOR

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Lula fatura pelo menos R$ 3,8 milhões em palestras no primeiro ano fora do governo

Em 2011, ex-presidente fez 18 eventos remunerados para empresas no Brasil e no exterior
Renan Truffi, do R7


No Brasil, o salário pago a um presidente da República, hoje de R$ 26,7 mil, talvez não seja suficiente para fazer um novo milionário. Mas a experiência e a visibilidade do cargo podem garantir, ao fim do mandato, boas chances de engordar a conta bancária.

Em 2011, seguindo o exemplo do antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e de outros políticos que ocuparam cargos importantes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recheou sua agenda com palestras e conferências no Brasil e no exterior.

Um levantamento feito pelo R7 - em notícias publicadas na imprensa e no site do Instituto Cidadania, fundado pelo ex-presidente e onde ele voltou a trabalhar - constatou que Lula participou de cerca de 30 eventos em que discursou ou deu palestra somente neste ano.

Deste total, 18 foram apresentações remuneradas para empresas. Na lista de clientes estão algumas das maiores companhias do mundo, como LG, Microsoft, Telefônica e Santander.

A maioria das palestras ocorreu no exterior. Ele já foi pago para falar sobre seus dois mandatos, sobre a crise internacional e os programas sociais de seu governo em países como Portugal, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos, México, Colômbia e Qatar. 

Embora a assessoria de imprensa de Lula não confirme e os clientes não divulguem, fontes do mercado ouvidas pela reportagem estimam que o cachê do ex-presidente gire em torno de R$ 200 mil por aproximadamente 50 minutos de palestra.

Fazendo as contas com base neste valor, calcula-se que ele tenha embolsado, em oito meses, pelo menos R$ 3,8 milhões. A quantia poderia ser ainda maior, já que o câncer de laringe, descoberto no fim de outubro, obrigou Lula a cancelar todos os seus compromissos por causa do tratamento. Por este motivo, ele teve de interromper momentaneamente a carreira de palestrante, que havia iniciado em março.

Valores

A consultora Ana Tikhomiroff, fundadora da empresa Palestrarte e membro do Comitê de Ética da IASB (Associação Internacional de Banco de Palestrantes), vê com naturalidade os altos valores pagos a políticos para falar diante de executivos, acionistas e clientes de empresas.

Em sua opinião , o Brasil ainda não desenvolveu uma cultura de palestras como existe em outros países, como os Estados Unidos.

Ana conta que já intermediou a contratação de uma palestra do ex-presidente FHC para um dos clientes de sua empresa. De acordo com ela, o valor cobrado pelo tucano, pouco tempo depois de deixar o governo, era bem próximo ao que estaria sendo pago a Lula.

- Nos EUA, esse valor é comum. É que, aqui, nós não temos grandes nomes que fazem palestra. Temos só o FHC e o Lula. Mas, lá fora, têm pessoas de renome que cobram bem mais que isso, como o [ex-presidente americano] Bill Clinton. Trabalhei com o Fernando Henrique e, na época, ele cobrou R$ 150 mil de um cliente. 

Ana explica que o cachê pedido pelos políticos visa mais selecionar as empresas que irão contratá-los. Políticos renomados, diz ela, fazem palestras “estratégicas”. 

- É uma coisa mais de momento. Não acho que é de interesse deles viver de palestra. Então, a questão do valor é um pouco para dar uma peneirada. Até porque eles não têm disponibilidade de agenda para ficar fazendo palestra o tempo todo.

O especialista Cesar Freire, diretor-executivo de outra empresa do ramo, a Parlante, diz que os R$ 200 mil que estariam sendo pagos a Lula estão dentro da realidade brasileira. Em sua opinião, o valor “não é nenhum absurdo” e condiz com a experiência que ele divide com quem o contrata.

- É experiência, história de vida. Foram dois mandatos e ele é uma personalidade internacional. As empresas ficam ouriçadas porque sabem o que gera de mídia. Isso tem um valor muito grande.

TEXTO COMPLETO NESTE ENDEREÇO:
http://noticias.r7.com/brasil/noticias/lula-fatura-pelo-menos-r-3-8-milhoes-em-palestras-no-primeiro-ano-fora-do-governo-20120101.html

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Dilma quer que ministros reajam a falsas notícias: Rápidos, claros e precisos



“Vamos falar mais, comunicar sobre nossos desafios, nossas iniciativas e nossos acertos”, destacou a presidenta durante reunião ministerial. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Presidenta orienta ministros a reagirem aos boatos “travando batalha da comunicação”


A presidenta Dilma Rousseff conclamou todos os ministros a combaterem a divulgação de informações falsas e boatos sobre ações do governo. A recomendação foi feita na na primeira reunião com seu novo ministério, realizada nesta terça-feira (27), na Granja do Torto, em Brasília.
“Nós devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre e permanentemente. Vou repetir: sempre e permanentemente. Nós não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre. Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação, levem a posição do governo à opinião pública, a posição do ministério, a posição do governo à opinião pública. Sejam claros, sejam precisos, se façam entender. Nós não podemos deixar dúvidas”, argumentou a presidenta.
Dilma citou exemplos de desinformação que permeiam a opinião pública e correm as redes sociais como a retirada das conquistas sociais e trabalhistas com as novas medidas econômicas do governo.
“Quando for dito que vamos acabar com as conquistas históricas dos trabalhadores, respondam em alto e bom som: ‘Não é verdade! Os direitos trabalhistas são intocáveis, e não será o nosso governo, um governo dos trabalhadores, que irá revogá-los’”, enfatizou.

A presidenta ainda citou a questão da mobilidade urbana nos municípios e lembrou do apoio aos governos estaduais, responsáveis pelo abastecimento de água.
“Quando se levantar a questão da mobilidade urbana em nossas cidades, falem dos R$ 143 bilhões que estamos investindo em 118 municípios de grande e médio porte, em todos os Estados. Quando for mencionada a crise da água, lembrem-se que desde o início desta que é a maior estiagem das últimas décadas, o governo federal apoiou, está apoiando e continuará apoiando, de todas as formas, inclusive com vultosos investimentos, com investimentos elevados, as demandas dos governos estaduais”, ressaltou.
A presidenta pediu ainda aos ministros que levem ao conhecimento da população os compromissos assumidos e desafios superados go governo em suas áreas.
“Vamos falar mais, comunicar sobre nossos desafios, nossas iniciativas e nossos acertos. Vamos mostrar a cada cidadão, a cada cidadã brasileira, que não alteramos um só milímetro o nosso compromisso com o projeto vencedor na eleição, com o projeto de desenvolvimento que nós estamos implementando desde 2003, um projeto de crescimento com distribuição de renda”, lembrou ela.
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Texto original: VI O MUNDO

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Às vezes você tem que ouvir o premiê da China para entender a economia do Brasil

Postado em 22 jan 2015
por : Paulo Nogueira


Li Keqiang, premiê chinês
É extraordinário.

Às vezes você tem que ouvir o premiê da China para entender a economia do Brasil, tamanha a carga de má informação e análise tendenciosa da mídia brasileira.

Em Davos, o premiê chinês Li Keqiang definiu falou sobre a desaceleração de seu país. Nos anos do milagre chinês, o crescimento bateu em 14% ao ano.

Para 2015, a expectativa é 7%. O universo treme, hoje, diante do fantasma de uma China sem vigor suficiente para empurrar a economia mundial.

“O arrefecimento da China é parte do ajuste da economia mundial.”

Troque a China pelo Brasil e você terá o diagnóstico da economia nacional.

É uma verdade simples e incontestável: o arrefecimento do Brasil é parte do ajuste da economia mundial.

Mas quantas vezes você viu isso?

Ao longo da campanha, com seu peculiar cinismo demagógico, Aécio disse copiosas vezes o contrário.

Era como se o Brasil fosse um caso isolado de baixo crescimento numa economia global intrepidamente aquecida.

Nesta mistificação, Aécio recebeu a contribuição milionária de colunistas econômicos como Míriam Leitão e Carlos Sardenberg.

Gosto de dizer que um dos propósitos do jornalismo é jogar luzes onde existem sombras. O que o jornalismo econômico fez foi o inverso: mais sombras onde já havia sombras criadas por Aécio.

Não se trata de negar erros que possam ter sido cometidos na política econômica. Mas de assentar o debate na base a partir da qual a discussão pode ficar séria: a economia mundial vive desde 2008 uma crise séria, e o Brasil é parte do todo.

Num primeiro momento, depois de 2008, os países emergentes pareceram a salvação do mundo. Mas com o correr do tempo ficou claro que não era bem assim.

Também os emergentes passaram a sofrer: China, Brasil, Índia e Rússia.

Na raiz da crise iniciada em 2008 estava a ressaca do thatcherismo, a doutrina conservadora da premiê britânica Margaret Thatcher.

Moda nos anos 1980, e copiado no Brasil na década seguinte por FHC, o thatcherismo defendia coisas como a desregulamentação do mercado financeiro.

Entregues à própria ganância, os grandes bancos do mundo foram fazendo operações cada vez mais arriscadas.

Uma hora a realidade se impôs e a festa acabou.

A quebra espetacular e em dominó de muitos daqueles bancos foi a senha para a crise que pôs de joelhos a economia global.

No Brasil, a ortodoxia thatcherista ressurgiu no debate graças a Armínio Fraga, o ex-futuro ministro da economia de Aécio.

Fraga é Thatcher desde antes de nascer.

O eleitorado disse não ao thatcherismo. Disse 54 milhões de vezes não. Mas Dilma parece não ter achado bem isso, ainda que vitoriosa com uma campanha que negava a ortodoxia, e colocou Joaquim Levy para comandar a economia.

Este é um bom debate: por que essa concessão ao conservadorismo econômico batido nas urnas?

Mas, enquanto for invocada a falácia do “Brasil-estagnado-num-mundo-próspero-e-feliz”, estaremos condenados a debates que apenas emburrecem os que os levam a sério.

Texto original: Paulo Nogueira (DCM)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O PSDB e sua obra-prima de gestão: o racionamento em SP

'Estamos fechando a torneira porque em março, no mais tardar em junho, SP fica sem água', admitiu presidente da Sabesp. Esse é o legado do choque de gestão?

por: Saul Leblon

Após um ano de dissimulações, o PSDB oficializou o racionamento de água em SP nesta 4ª feira.

O novo presidente da Sabesp , Jerson Kelman, em entrevista ao SPTV, da Globo, anunciou um corte drástico no fornecimento, que caiu de 16 mil litros/s na 3ª feira, para 13 mil l/s a partir de agora.

O racionamento anunciado oficializa uma realidade que já atinge mais de seis milhões de habitantes, cujo abastecimento declina há um ano acumulando um corte de 60% no fornecimento padrão da Sabesp às suas torneiras (de 33 mil l/s para 13 mil l/s).

E isso é só o começo.

'Estamos fechando a torneira porque em março, no mais tardar em junho, SP fica sem água', admitiu presidente da Sabesp na entrevista.

Nada como um copo após o outro.

Na reta final da campanha presidencial de 2014, quando o então diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, advertiu na Assembleia Legislativa de São Paulo, que o abastecimento da cidade estava, literalmente, por um fio de água, foi chamado de ‘bandido’ pelo grão tucano, vereador Andrea Matarazzo.

Ele disse aquilo que o PSDB se recusava a admitir: restavam apenas 200 bilhões de litros do volume morto do sistema Cantareira, que provê boa parte da água consumida na cidade.

O pior de tudo: a derradeira reserva de água da cidade encontra-se disponível na forma de lodo.

E será com isso que a sede paulistana terá que ser mitigada caso não chova o suficiente até o final de março.

Como de fato não tem chovido nos mananciais, nem há expectativa séria de que isso ocorra suficientemente até o final da estação das águas, avizinha-se o que o novo presidente da Sabesp finalmente admitiu: ‘em março, no mais tardar em junho, SP fica sem água'.

Corta e volta para a campanha eleitoral de Aécio Neves em 2014.

O estandarte da eficiência tucana era martelado diuturnamente como um tridente contra aquilo que se acusa de obras e planos nunca realizados por culpa da (Aécio enchia a boca para escandir as sílabas) ‘má go-ver-nan-ça’.

Corta de novo e volta para o presente com o foco na contagem regressiva anunciada por Jerson Kelman, o novo titular do espólio da Cantareira e da Sabesp.

Vamos falar um pouco de governança?

Atribuir tudo à ingratidão a São Pedro é um pedaço da verdade.

Num sugestivo contorcionismo eleitoral, Aécio negou a esse pedaço da verdade a explicação para a alta nos preços dos alimentos afetados pela seca.

Ou isso ou aquilo.

Estocar comida, que não grãos, caso do vilão tomate, por exemplo, que pressionou os índices de alimentos no período eleitoral, está longe de ser uma opção exequível em larga escala no enfrentamento de uma seca.

Mas estocar água e planejar dutos interligados a mananciais alternativos, calculados para enfrentar situações limite, mesmo que de ocorrência secular, é uma obrigação primária de quem tem a responsabilidade pelo suprimento de grandes concentrações urbanas.

A Sabesp sob o comando do PSDB detém essa responsabilidade há 20 anos em São Paulo.

Omitiu-se, com as consequências previsíveis que agora assombram o horizonte de milhões de moradores da Grande São Paulo.

Carta Maior lembrou no período eleitoral --enquanto Geraldo Alckmin fazia expressão corporal de seriedade, que Nova Iorque e o seu entorno, com uma população bem inferior a de São Paulo (nove milhões de habitantes), nunca parou de redimensionar a rede de abastecimento da metrópole movida por uma regra básica de gestão na área: expansão acima e à frente do crescimento populacional.

Tubulações estendidas desde as montanhas de Catskill, mencionou-se então, situadas a cerca de 200 kms e 1200 m de altitude oferecem ao novaiorquino água pura, dispensada de tratamento e potável direto da torneira.

Terras e mananciais distantes são periodicamente adquiridos pelos poderes públicos de NY para garantir a qualidade e novas fontes de reforço da oferta.

O sistema de abastecimento da cidade reúne três grandes reservatórios que captam bacias hidrográficas preservadas em uma área de quase 2.000 km2.

A adutora original foi inaugurada em 1890; em 1916 começou a funcionar outro ramal a leste da cidade; em 1945 foi concluída a obra de captação a oeste, que garante 50% do consumo atual.

Mesmo com folga na oferta e a excelente qualidade oferecida, um novo braço de 97 kms de extensão está sendo construído há 20 anos.

Para reforçar o abastecimento e prevenir colapsos em áreas de expansão prevista da metrópole.

Em 1993 foi concluída a primeira fase desse novo plano.

Em 1998 mais um trecho ficou pronto.

Em 2020, entra em operação um terceiro ramal em obras desde o final dos anos 90. Seu objetivo é dar maior pressão ao conjunto do sistema e servir como opção aos ramais de Delaware e Catskill, que estão longe de secar.

Uma quarta galeria percorrerá mais 14 kms para se superpor ao abastecimento atual do Bronx e Queens.

Tudo isso destoa de forma superlativa da esférica omissão registrada em duas décadas ininterruptas de gestão do PSDB no Estado de São Paulo, objeto de crítica até de um relatório da ONU, contestado exclamativamente pelo governador reeleito, Geraldo Alckmin.

Se em vez do mantra do choque de gestão, os sucessivos governos de Covas, Ackmin, Serra e Alckmin tivessem reconhecido o papel do planejamento público, São Paulo hoje não estaria na iminência de beber lodo.

Ou nem isso ter para matar a sede.

Pergunta aos sábios tucanos: caiu a ficha?

É verdade que o Brasil todo desidrata sob o maçarico de um evento climático extremo.

Sinal robusto dos tempos.

Mas desde os alertas ambientais dos anos 90 (a Rio 92, como indica o nome, aconteceu no Brasil há 22 anos) essa é uma probabilidade que deveria estar no monitor estratégico de governantes esclarecidos.

Definitivamente não se inclui nessa categoria o tucanato brasileiro: em 2001 ele já havia propiciado ao país um apagão de energia elétrica pela falta de obras e a renúncia deliberada ao planejamento público.

Os mercados cuidariam disso com mais eficiência e menor preço –ou não era isso que se falava e se volta a ouvir agora sobre todos os impasses do desenvolvimento brasileiro?

Ademais de imprevidente, o PSDB desta vez mostrou-se mefistofelicamente oportunista na mitigação dos seus próprios erros.

Ou seja, preferiu comprometer o abastecimento futuro de milhões de pessoas, a adotar um racionamento preventivo que alongaria a vida útil das torneiras, mas poria em risco o seu quinto mandato em São Paulo.

É importante lembrar em nome da tão evocada liberdade de imprensa: a dissimulação tucana não conseguiria concluir a travessia eleitoral sem a cumplicidade da mídia conservadora que, mais uma vez, dispensou a um descalabro do PSDB uma cobertura sóbria o suficiente para fingir isenção, sem colocar em risco o continuísmo no estado.

É o roteiro pronto de um filme de Costa Gavras: as interações entre o poder, a mídia, o alarme ambiental e o colapso de um serviço essencial, que deixa uma das maiores metrópoles do mundo no rumo de uma seca épica.

O PSDB que hoje simula chiliques com o que acusa de ‘uso político da água’, preferiu ao longo das últimas duas décadas privatizar a Sabesp, vender suas ações nas bolsas dos EUA e priorizar o pagamento de dividendos a investir em novos mananciais.

Há nesse episódio referencial um outro subtexto para o filme de Costa Gavras: a captura dos serviços essenciais pela lógica do capital financeiro.

Enquanto coloca em risco o abastecimento de 20 milhões de pessoas, revelando-se uma ameaça à população, a Sabesp foi eleita uma das empresas de maior prestígio entre os acionistas estrangeiros.

Mérito justo.

Como em um sistema hidráulico, o dinheiro que deveria financiar a expansão do abastecimento, vazou no ralo da captura financeira. Encheu bolsos endinheirados às custas de esvaziar as caixas d’água dos consumidores.

Não é uma metáfora destes tempos. É a síntese brutal da sua dominância.

Mesmo que a pluviometria do verão fique em 70% da média para a estação, o sistema Cantareira - segundo os cálculos da ANA - ingressará agora no segundo trimestre de 2015 com praticamente 5% de estoque (hoje está com algo em torno de 6%).

Ou seja, São Paulo chegará no início da estação seca de 2015 com a metade da reserva que dispunha em período equivalente de 2014 e muito perto da marca desesperadora do início deste verão,quando ainda apostava no alívio da estação das chuvas --inexistente no inverno.

A seca que espreita as goelas paulistanas não pode ser vista como uma fatalidade.

Dois anos é o tempo médio calculado pelos especialistas para a realização de obras que poderiam tirar São Paulo da lógica do lodo.

Portanto, se ao longo dos 20 anos de reinado tucano em São Paulo, o PSDB de FH e Aécio Neves, tivesse dedicado 10% do tempo a planejar a provisão de água, nada disso estaria acontecendo.

Deu-se o oposto.

De 1980 para cá, a população de São Paulo mais que dobrou. A oferta se manteve a mesma com avanços pontuais.

O choque de gestão tucano preferiu se concentrar em mananciais de maior liquidez, digamos assim.

Entre eles, compartilhar os frutos das licitações do metrô de SP com fornecedores de trens e equipamentos. A lambança comprovada e documentada sugestivamente pela polícia suíça, até agora não gerou nenhum abate de monta no poleiro dos bicos longos.

‘Todos soltos’, como diz a presidenta Dilma.

A rede metroviária de São Paulo, embora imune a desequilíbrios climáticos, de certa forma padece da mesma incúria que hoje ameaça as caixas d’agua dos paulistanos.

Avulta daí um método – o jeito tucano de governar não pode ser debitado na conta de São Pedro.

O salvacionismo tucano em São Paulo não conseguiu fazer mais que 1,9 km de metrô em média por ano, reunindo assim uma rede inferior a 80 kms, a menor entre as grandes capitais do mundo.

A da cidade do México, por exemplo, que começou a ser construída junto com a de São Paulo, tem 210 kms.

Não deixa de ser potencialmente devastador para quem acusa agora o PT de jogar o país num abismo de má gestão só ter a oferecer à população de SP a seguinte progressão: racionamento drástico imediato, seguido de seca de consequências imponderáveis navida de uma das maiores manchas urbanas do mundo.

É essa a perspectiva para um serviço essencial na capital do estado onde o festejado choque de gestão está no poder há 20 anos.

Ininterruptos.

Uma questão para refletir:

O legado recomenda uma recidiva da receita para todo o Brasil, como exigem os centuriões do mercado e alguns cristãos novos petistas?

A ver.

Texto original: CARTA MAIOR

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Por que Marina e Aécio querem a independência do Banco Central?

Não é mera coincidência que as candidaturas de Aécio e Marina incluam a proposta de independência do Banco Central como elemento de destaque.

Paulo Kliass (*)

Ao que tudo indica, ainda não foram suficientes todos os ensinamentos a serem retirados da profundidade da atual crise econômico-financeira internacional, que teve início nos próprios Estados Unidos. Assistimos à falência amplamente reconhecida dos principais fundamentos de natureza teórica e conceitual que dão sustentação ao regime do financismo contemporâneo. Pouco importa, pois o modelo que é considerado um paradigma a ser copiado pelos adeptos da perpetuação da desigualdade é o norte-americano. Não satisfeitos com a trombada da realidade objetiva, ainda assim eles insistem com a restauração da antiga ordem, com a reabilitação do antigo regime.

Ocorre que, para esse pessoal, a incapacidade revelada pela própria crise do mercado em encontrar soluções satisfatórias para os conflitos econômicos pouco importa. O Estado é sempre lento, ineficaz e incompetente. E ponto final! Esse pressuposto vale para os mais variados aspectos da vida social. Desde a oferta de serviços públicos básicos como saúde, educação e previdência. Até a operação de empresas como Petrobrás, Banco do Brasil ou BNDES. E passando por organismos de regulação, como as agências do tipo ANATEL, ANEEL e o Banco Central. É impressionante, mas vira e mexe esse tema volta à baila na agenda da política econômica.

Agora, à medida que avança o debate eleitoral, as candidaturas começam a estabelecer seus limites e revelar suas verdadeiras faces. A questão econômica ganha espaço em razão das dúvidas e incertezas a respeito do que fazer em 2015. E dentre os assuntos preferidos pelos defensores do financismo - sempre a postos! , diga-se de passagem - começa a despontar a tal da independência do Banco Central. Afinal se o “Federal Reserve” (conhecido por Fed, o BC dos Estados Unidos) é mesmo quase independente da Casa Branca, nada mais adequado do que importarmos esse sistema.

As concepções mais conservadoras do fenômeno econômico sempre tentaram emplacar esse tema. Na verdade, trata-se de sua preocupação em como tornar operacional o conceito de “autoridade monetária”. No modelo ideal de funcionamento da economia, algumas variáveis importantes devem ser submetidas a algum tipo de controle. É o caso, por exemplo, da quantidade ofertada de moeda na sociedade e do “preço” dessa mesma mercadoria muito especial - o dinheiro. E que vem a ser a própria taxa de juros, o chamado custo do dinheiro.

Por mais radical que seja o espírito liberal do interlocutor, a maior parte deles ainda aceita a idéia de que a moeda nacional seja um bem cuja responsabilidade é atribuição do Estado. Porém, o próprio sistema capitalista construiu um arcabouço financeiro de tal ordem, que a maior parte da oferta de “moeda” existente na sociedade é criada pelo próprio sistema bancário e demais instituições assemelhadas. O papel moeda tradicional é hoje em dia quase uma curiosidade, uma espécie em extinção. Assim, não basta mais sugerir apenas uma rígida supervisão das rotativas da Casa da Moeda. O controle efetivo sobre os meios de pagamento envolve uma ação mais incisiva da autoridade monetária sobre o universo financeiro.

Por outro lado, a definição da taxa oficial de juros (SELIC, no caso do Brasil de hoje) é também uma função do Banco Central. Ela é usada como referência mínima para a formação das taxas de juros praticadas pelos bancos em suas operações de depósito e de empréstimo. Além disso, é a taxa utilizada para remunerar a dívida pública. O BC pode atuar também no chamado “mercado cambial”, definindo a taxa de câmbio da moeda nacional em sua relação com as dos demais países. Caso deixe esse importante preço de referência ao livre sabor das forças de oferta e demanda, pode ocorrer o fenômeno que tem arrasado a realidade brasileira ao longo dos últimos anos: a sobrevalorização do real e a desindustrialização de nossa economia.

As regras institucionais também atribuem ao BC as funções de órgão regulador e fiscalizador do sistema financeiro. Cabe a ele a definição das condições de concessão de empréstimos e dos limites para a prática das taxas de juros nas operações de crédito. É mais do que sabido a enormidade dos spreads praticados em nossas terras, bem como o absurdo dos níveis das tarifas cobradas pelas instituições em suas relações com a clientela. O chamado “banco dos bancos” deve atuar como uma espécie de xerife do sistema financeiro, defendendo os interesses do conjunto da sociedade contra todo e qualquer tipo de abuso cometido pelos bancos

Pois bem, frente a esse significativo encargo de responsabilidades, nada mais recomendado que a nomeação dos dirigentes dessa instituição seja atribuída à Presidência da República. A indicação de nomes para ocupar essa função ainda passa pela sabatina efetuada pelo Senado Federal, em uma indicação de que o poder legislativo também possa alertar a respeito de algum exagero. No caso brasileiro mais recente, o ex-Presidente Lula contribuiu inclusive para ampliar ainda mais a autonomia existente, ao encaminhar uma Medida Provisória equiparando o cargo ocupado por Henrique Meirelles ao de Ministro da República.

Ocorre que para o financismo esse quadro é pouco; eles querem mais. Não basta a autonomia concedida a um ex-presidente internacional do Bank of Boston, que ficou exatamente 8 anos à frente do BC, atendendo a todos os interesses da banca privada. Um período em que a autoridade monetária governou mais para os bancos e menos para o conjunto da sociedade. Dois mandatos em que as taxas de juros estratosféricas eram definidas pela COPOM sem nenhuma prestação de contas, nem ao governo oe menos ainda à sociedade.

Com o argumento malandro de que o governo pode influenciar “politicamente” na definição da política monetária, o financismo agora pede um pacote completo: deseja a independência do BC. Voltam com a argumentação surrada e mal lavada de que é importante haver “técnicos” não suscetíveis de serem influenciados por quem estiver ocupando o Palácio do Planalto. Mas o presidente do BC deve ser independente de quem, cara pálida? O sonho de consumo da banca é um quadro de dirigentes no comando da autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda que não respondam a ninguém. Ou melhor, que atendam tão somente aos interesses das instituições que deveriam controlar.

Ora, todos sabemos que as decisões e as consequências relativas ao rumo da economia são de natureza absolutamente política. Daí que a responsabilidade por elas deve ser de que tem legitimidade para tanto – o Presidente da República. Não existe isenção ou neutralidade nas decisões de política econômica. Exatamente por sua natureza multidisciplinar, a economia é parte integrante das ciências sociais. Não existe apenas uma alternativa técnica e adequada para cada caminho a se trilhar.

Assim, um desenho institucional que confira independência política e administrativa a seus dirigentes é de uma irresponsabilidade inimaginável. As funções da autoridade monetária são políticas e os responsáveis por elas devem ser passíveis de remoção a qualquer instante. Conceder um mandato com prazo fixo para eles equivale a assinar um cheque em branco para atuarem da forma que bem entenderem. A tecnocracia não tem legitimidade para tanto: ela não foi eleita para nada. Cabe ao dirigente político efetuar a boa escolha de seus assessores de confiança a cada momento. E responder pelos equívocos cometidos.

Não é mera coincidência que as candidaturas de Aécio e Marina incluam este ponto como elemento de destaque. Afinal, os conselheiros econômicos de ambos foram os principais responsáveis pela condução da política econômica no auge do neoliberalismo, durante a gestão de FHC. Estiveram à frente do processo de privatização das empresas estatais, promoveram um importante desmonte do aparelho do Estado, desregulamentaram a economia concedendo todo tipo de facilidades ao chamado “mercado” e aprofundaram a hegemonia do capital financeiro em nosso sistema econômico e social. Agora, ao que tudo indica, pretendem continuar a obra inacabada. Como passaram os últimos 12 anos trabalhando diretamente no interior do financismo, propõem agora a efetivação da independência do BC. Algo como o roteiro de um filme que poderia ter como título

“A volta dos que não foram”.

(*) Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal, e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.

Texto original: CARTA MAIOR

domingo, 24 de agosto de 2014

A falácia da terceira via

Com a possibilidade de ir ao segundo turno, Marina terá que se posicionar alinhada ao projeto de centro-direita da oposição ou ao projeto em curso.

José Augusto Valente

Num país como o Brasil, resultado de colonização predatória, arbítrio, violação dos direitos humanos básicos, profundas desigualdades sociais e regionais, não há como falar em terceira via, quando se trata de atacar todos os problemas remanescentes dessa herança histórica.

De um lado, temos os mantenedores do resultado acima mencionado, utilizando a política do “laissez-faire” ou neo-liberal. É o que chamamos de direita, embora eles mesmos se recusem esse rótulo. Afinal, não pega bem. Se consideram de centro. Então tá, centro-direita. São atualmente representados e liderados pelo PSDB.

Do outro lado, temos os que querem mudar o rumo da história, na direção de um país socialista, ou seja, que busque igualdade social e regional, garantia dos direitos humanos, democracia plena com participação social e respeito ao ambiente, com o estado atuando firmemente para garantir os projetos que interessam à maioria, contra os interesses privados da minoria. São representados por vários partidos e movimentos sociais de esquerda e liderados pelo PT.

Uma via, então, é a da manutenção e aprofundamento das desigualdades. A outra, é a de mudanças radicais e eliminação das desigualdades. Onde fica a terceira via neste jogo? Nem tanto ao mar, nem tanto à terra?

Como fundamentação de que é falaciosa essa terceira via, representada por Marina, basta constatar que todos os que hoje estão envolvidos com a sua campanha, inclusive ela mesma, foram do PT ou da base dos governos Lula e Dilma.

O que existe, de fato, é uma candidatura pessoal, que apregoa uma proposta de “terceira via” tentando se vender como dona de três temas: sustentabilidade; relação “republicana” com o Congresso Nacional; e rigidez no combate à corrupção.

Ocorre que pode-se falar tudo do governo Dilma, menos que não tenha atuado firmemente no aspecto “sustentabilidade” e na “rigidez no combate à corrupção”.

Nesse dois itens, será difícil a candidata Marina Silva mostrar que fará mais, pois tudo o que é necessário já está sendo feito e, num próximo artigo, poderei detalhar esse “tudo”. Os programas de rádio e TV de Dilma mostrarão isso com muita fundamentação.

Restou o discurso da relação “republicana” com o Congresso Nacional. Dilma entende que essa relação somente será plena quando o país fizer uma profunda reforma política. O PT inclusive já lançou proposta, que está no site do partido (clique aqui).

Enquanto isso, Marina Silva, em tom messiânico-moralista, diz que governará sem fazer negociações com o Congresso Nacional: ministérios, cargos, emendas, etc.

Discurso falacioso! Isso simplesmente só existe em ditaduras. Mesmo assim, na ditadura militar brasileira, havia negociação e muitas coisas o governo não conseguia impor ao Congresso.

Nos países democráticos, negociação existe o tempo todo. Faz parte do processo. Não é vergonhoso, como tenta vender Marina.

O que hoje não ocorre, e uma radical reforma política poderá prover, é maior representatividade da sociedade no Congresso, especialmente dos debaixo na pirâmide social. É isso e não a existência de uma figura messiânica que fará mudar a relação executivo-legislativo.

Para concluir, entendo que quanto maior for o questionamento às propostas de Marina, tanto no campo social como econômico – e mesmo no ambiental –, mais difícil será para ela mostrar que existe uma terceira via, que tudo o que Dilma está fazendo está errado ou é ineficaz e que fará tudo diferente.

Assim, confrontada, e com a possibilidade de ir ao segundo turno, Marina terá que se posicionar alinhada à primeira via, de centro-direita, ou à segunda via, de esquerda.

A tendência hoje é o alinhamento à primeira alternativa, na medida em que ela tem dado seguidas demonstrações de satisfação pelo apoio da elite econômica e da grande imprensa, que representam o projeto da centro-direita e da direita declarada.

Texto original: CARTA MAIOR

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Dilma aprovou mais leis favoráveis aos trabalhadores do que Lula, diz Diap

Política de aumento real para salário mínimo, lei que amplia aviso prévio para 90 dias e lei que cria certidão de débito trabalhista são alguns exemplos.

Najla Passos

Brasília - O governo da presidenta Dilma Rousseff aprovou mais leis e políticas públicas favoráveis aos interesses dos trabalhadores do que o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: foram pelo menos 14 proposições criando ou recuperando direitos, contra nove do seu antecessor. Quem afirma é o jornalista e analista político Antônio Augusto Queiroz, diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o órgão que assessora mais de 900 entidades sindicais dos trabalhadores com o objetivo de transformar em normas legais as reivindicações predominantes, majoritárias e consensuais da classe.

Os dados, segundo ele, contrariam a visão predominante no movimento sindical, de que o governo Lula privilegiou mais os trabalhadores do que sua sucessora. “A percepção do movimento em relação ao governo da presidenta Dilma é um tanto quanto distorcida. Talvez pelo fato dela não ter dialogado diretamente com a mesma frequência que o Lula, deu a impressão de que deixava em segundo plano esses atores importantes”, avalia o diretor do Diap.

Para o analista político, Dilma designou integrantes da sua equipe, com poder de decisão, para dialogar com os trabalhadores e movimentos sociais, especialmente dentre os quadros do Ministério do Trabalho e da Secretaria Geral da Presidência da República. E isso resultou em avanços significativos para a classe. “Nós temos um conjunto de leis em favor dos trabalhadores, tanto quantitativa quanto qualitativamente, muito mais consistente do que no governo Lula, ainda que algumas tenham sido iniciadas no governo dele”, afirma.

Como exemplos concretos, ele cita a Lei 12.382/11, que institui a política de aumento real para o salário mínimo até 2015, e a Lei 12.506/11, que amplia o aviso prévio de 30 para 90 dias. E também a Lei 12.382/11, que cria a Certidão Negativa de Débito Trabalhista. “Essa lei exige que qualquer prestador de serviço ou qualquer empresa que venda produtos ao governo apresente uma certidão negativa de débitos trabalhistas, um salto fabuloso”, esclarece.

A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 72, a PEC das Domésticas, é outra medida legislativa conquistada pelo governo Dilma que o analista político destaca. “A PEC das Domésticas fecha um ciclo do ponto de vista de corrigir distorções e injustiças da classe trabalhadora. Os trabalhadores do campo e da cidade já tinham os mesmos direitos, mas os domésticos estavam apartados desses direitos”, justifica.

Ele acrescenta, ainda, a PEC 81, que determina a desapropriação, sem qualquer indenização, de propriedades empresas urbanas ou rurais em que se constate a prática de trabalho escravo ou análogo. E comemora a criação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) que matriculou mais de 7,5 milhões em cursos técnicos e de qualificação em mais de 400 áreas do conhecimento. “A criação do Pronatec é um salto extraordinário do ponto de vista de dar condição de empregabilidade a um contingente expressivo de pessoas que, sem essa oportunidade, dificilmente ingressaria no mercado de trabalho”, argumenta.

Para o analista, foi este conjunto de leis aprovadas com empenho do governo da presidenta que permitiu que, mesmo em um quadro de crise econômica mundial, o Brasil conseguisse atingir a marca de 20 milhões de empregos com carteira assinada formalizados nos últimos 12 anos. “Isso significa dar cidadania a um número de trabalhadores que equivale à população do Chile. Não é algo que se possa subestimar”, destaca ele.

Créditos da foto: Agência Brasil

Texto original : CARTA MAIOR

domingo, 17 de agosto de 2014

Onde estão agora os EUA após o veto russo?

Putin move suas peças e impõe um veto às importações de bens perecíveis procedentes de mercados como o da União Eueopeia e dos Estados Unidos.

David Bollero/Público.es

Os Estados Unidos anseiam isolar a Rússia. Ficou muito distante aquela promessa de Bush (pai) a ao Gorvachov de não se mover nem um milímetro ao leste dos milites da OTAN. Clinton abriu uma brecha em 1997 ao fazer novos aliados como Hungria, Polônia ou a República Tcheca. Sete anos mais tarde, somaram-se a eles os antigos países satélites soviéticos (Lituânia, Letônia e Estônia) e, já em 2007, foram seguidos pela Croácia e pela Albânia. A continuação do muro russo da OTAN tem agora como alvo as antigas repúblicas soviéticas, e a Ucrânia exerce papel de protagonista nesta geoestratégia.
Como já é habitual, o papel da União Europeia nesta conjuntura é o de aplaudidor de Obama. Assim, a UE não hesitou, inclusive, em apoiar grupos neonazistas para derrocar o governo anterior ucraniano, que havia sido democraticamente eleito. Posteriormente, Bruxelas também não questionou ao apoiar as sanções econômicas à Rússia. E tudo o que for necessário para estar ao lado do amigo norte-americano.

Agora, Putin move suas peças e impõe um veto às importações de bens perecíveis procedentes de mercados como o da UE e dos EUA. Em Washington, qualificam o impacto de tal medida como “insignificante”. Uma insignificância que, para o mercado norte-americano, supõe uma perda de aproximadamente 813 milhões de euros. Eles têm razão: essa cifra é insignificante comparada aos mais de 5,7 bilhões de euros em perdas que esse veto supõe para a UE.

Onde estão agora os EUA? Por que não apoiam a UE diante deste panorama tão pessimista? E, o mais preocupante, por que os aplaudidores de Bruxelas continuam bajulando a Administração Obama, apesar de serem tratados como sócios de se usar e jogar fora? Com um descaramento grotesco, algumas vozes se atrevem a assegurar que o grande prejudicado com o veto de Putin é o próprio povo russo, que verá como a escassez de alimentos faz os preços subirem e gera problemas de desabastecimento. Um erro.

Não são apenas os produtores russos que verão seus lucros crescerem ao contribuírem em maior medida com o mercado interno. Na América do Sul, alguns já estão esfregando suas mãos com o relevante aumento que suas exportações terá. Estes países têm o ano todo para se fazerem com o mercado russo, ganhando sua confiança a ponto de, uma vez levantado o veto, quem voltará a precisar dos produtores da UE?

Para a Espanha, ainda que Rajoy acredite que o veto seja “uma espora”, para os produtores, representa um revés de 440 milhões de euros... 40 milhões a mais do que o instrumento de reserva da PAC (Política Agrária Comum) para aliviar a situação em toda a Europa. Em outras palavras, os fundos de reserva não alcançam nem 10% de todas as perdas da União, que volta a se mover em ritmo lendo, enquanto os produtores assistem ao estrago de suas colheitas. Talvez estejam preocupados demais contemplando as conquistas de Obama no Iraque...

E como diz o ditado, em águas tumultuadas é que os pescadores ganham... ou os urubus, porque as grandes cadeias de distribuição, supermercados que se colocam como exemplo de modelo empresarial, arrocham os produtores espanhóis um pouco mais o do que o habitual, comprando deles, por poucas moedas, o excedente com o qual se deparam após o veto russo. Em troca, vendem ao mesmo preço. Vamos, que estão fazendo seu agosto à custa de todos.

Lembrem-se da próxima vez que sentirem orgulho por esse empresariado espanhol que encheu os bairros de supermercados: da mesma forma que rouba os peixes dos saharauis, agora se aproveita da desgraça dos agricultores espanhois.

Tradução: Daniella Cambaúva


Texto original : CARTA MAIOR

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Prefeitura de Cláudio: incêndio não queimou documentos

Fogo atingiu galpão da administração da cidade no interior de Minas Gerais onde Aécio Neves construiu um aeroporto no terreno do seu tio avô

por Redação — publicado 14/08/2014 16:02, última modificação 14/08/2014 16:16

Cenas do incêndio na prefeitura de Cláudio- Mina Gerais
Um incêndio atingiu um galpão da prefeitura de Cláudio, interior de Minas Gerais, na segunda-feira 12. Segundo a prefeitura, o fogo começou em um lote vago ao lado de um galpão onde se encontram veículos da prefeitura.

“As chamas chegaram a um cômodo em uma área de 9m² e destruíram algumas sucatas, não mais utilizadas pela Prefeitura (computadores obsoletos e máquina de escrever)”, diz a nota da prefeitura. “Esclareça-se que nenhuma documentação do município sofreu qualquer tipo de dano já que a sala de arquivo faz parte do prédio da administração, a uma distância considerável do local onde o fogo atingiu.”

Na segunda-feira, o G1, site da Rede Globo, noticiou que “as chamas destruíram uma sala onde ficavam arquivos, computadores, materiais de escritório e tecidos.” No dia seguinte, a prefeitura disse que deveria se pronunciar por conta de “informações mentirosas veiculadas por alguns meios de comunicação.” Ainda segundo a prefeitura, o corpo de bombeiros esteve no local, mas o incêndio foi controlado mais cedo por funcionários da prefeitura.

A cidade ganhou atenção no noticiário recente por sediar umaeroporto construído no terreno de um tio avô de Aécio Neves (PSDB), quando este era governador do Estado. A pista foi utilizada várias vezes por Aécio, candidato tucano à Presidência, mesmo sem a autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para que o local pudesse funcionar.

Aécio nega que tenha ocorrido qualquer irregularidade na construção do terreno. O tucano argumenta que seu tio avô não foi beneficiado, pois ele questiona na Justiça o valor oferecido pelo governo do Estado para desapropriar a terra.

Texto original em: CARTA CAPITAL