terça-feira, 31 de março de 2015

E AGORA, SÉRGIO MORO?

por Paulo Moreira Leite

Segundo pesquisa, PSDB recebeu 42% das doações das grandes empreiteiras da Lava Jato aos partidos
A descoberta de que o conjunto das empreiteiras investigadas na Lava Jato responde por 40% das doações eleitorais aos principais partidos políticos do país – PT, PMDB, PSDB – entre 2007 e 2013 é uma dessas novidades imensas à espera de providências a altura.

Permite uma nova visão sobre as denúncias envolvendo a Petrobrás, confirma uma distorção absurda nas investigações e exige uma reorientação no trabalho da Justiça e do Ministério Público.

É o caso de perguntar: e agora, Sérgio Moro? O que vamos fazer, PGR Rodrigo Janot, ministro Teori Zavaski?

Explico.

Conforme o Estado de S. Paulo, entre 2007 e 2013 as 21 maiores empresas da Lava Jato repassaram R$ 571 milhões a petistas, tucanos, peemedebistas. Desse total, 77% saíram dos cofres das cinco maiores, que estão no centro das investigações: Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Grupo Odebrecht e OAS.
Segundo o levantamento, o Partido dos Trabalhadores ficou com a maior parte, o que não é surpresa. As doações ocorreram depois da reeleição de Lula. Cobrem aquele período do calendário político no qual Dilma Rousseff conquistou o primeiro mandato e Fernando Haddad venceu as eleições municipais de São Paulo. Mas o PSDB não ficou muito atrás. Embolsou 42% do total. Repetindo para não haver dúvidas: conforme análise do Estado Dados, de cada 100 reais enviados aos partidos, 42 chegaram aos cofres tucanos.
Gozado, não?
Agora dê uma olhada na relação de beneficiários denunciados na Lava Jato e pergunte pelos tucanos. O personagem mais ilustre, senador Sérgio Guerra, já morreu. É acusado de ter embolsado dinheiro para inviabilizar uma CPI. Infelizmente, não está aqui para defender-se – o que permite imaginar até onde pode chegar a largura de suas costas.
O outro implicado é o senador Antônio Anastasia, aliado número 1 de Aécio Neves, forte candidato a um carimbo de “falta de provas” amigo nas próximas etapas do percurso.
Como chegaremos aos 42%? Alguém vai investigar, vai explicar? Ninguém sabe. Nem uma pista.
Onde estão as delações premiadas, as prisões preventivas?

Apoiado na delação premiada de Paulo Roberto Costa, que chegou à diretoria da Petrobras com proteção do lendário Severino Cavalcanti, do PP pernambucano, a investigação concentrou-se no condomínio Dilma-Lula e legendas aliadas. Esbarrou no PSDB, de vez em quando, quase sem querer, por acaso. E só.
A descoberta da fatia de 42% do PSDB na Lava Jato pode ser mais útil do que se imagina.
Deixando de lado, por um momento, a demagogia moralista que tenta convencer o país que todo político é ladrão cabe reconhecer um aspecto real e relevante.
Estamos falando de um sistema no qual todos os partidos se envolvem na busca de recursos financeiros para tocar as campanhas. Todos. São as mesmas empresas, com os mesmos clientes, com os mesmos doadores que se ligam às mesmas fontes.
Isso quer dizer o seguinte: ou todos são tratados da mesma forma, conforme regra elementar da Justiça, ou teremos, na Lava Jato de 2015, o mesmo tratamento preferencial dispensado aos tucanos do mensalão PSDB-MG. Não dá para dizer que um recebe “propina” e o outro ” verba de campanha,” certo?
Acho errado por princípio criminalizar as campanhas financeiras dos partidos políticos. Por mais graves que sejam suas distorções – e nós sabemos que podem ser imensas – elas envolvem recursos indispensáveis ao funcionamento do regime democrático. Mesmo a Nova República, que substituiu o regime militar, nasceu com auxílio de um caixa clandestino formado pelos maiores empresários e banqueiros do país, na época. Não conheço ninguém que, mesmo informado dessa situação, sentisse nostalgia da suposta — sim, suposta e apenas suposta — moralidade do regime dos generais.
Se queremos uma democracia emancipada do poder econômico, precisamos de novas regras – como financiamento público, como proibição de contribuições de empresas – para isso. E temos de ter regras transitórias para caminhar nessa direção, que não joguem fora a criança junto com a água do banho, certo?
Mas não é isso o que tem ocorrido. Pelo contrário. A tradição é criminalizar os indesejáveis, submetidos a penas rigorosas, e poupar amigos e aliados, através de uma prática conhecida.
Comparece-se a AP 470 com o mensalão PSDB-MG.Julgados pelo mesmo crime que conduziu importantes dirigentes do Partido dos Trabalhadores a prisão, os acusados da versão tucana sequer foram julgados – até hoje. Muitos já tiveram a pena prescrita. Não faltam acusados que dormem o sono dos justos com a certeza de que jamais correrão o risco de qualquer condenação. Os acusados tucanos que forem condenados – se é que isso vai acontecer um dia — terão direito a um julgamento com segundo grau de jurisdição, que foi negado aos principais réus do PT. A última notícia do caso é que a juíza que presidiu o julgamento em primeira instancia aposentou-se antes de terminar o serviço e ninguém foi nomeado para seu lugar. Se esse filme parece velho, lembre das denúncias que envolvem as obras do metrô paulista.

Muito instrutivo, não?

Texto original: PAULO MOREIRA LEITE

Como a tese de que “pobres fazem filhos para ter bolsa família” foi derrubada pelo IBGE

Publicado no Unisinos.
 A tese defendida pelos eleitores conservadores de que o programa Bolsa Família estimularia o nascimento de filhos entre os mais pobres, em busca de recursos do governo, acaba de cair por terra. Levantamento realizado pelo IBGErevela que foi exatamente junto aos 20% mais pobres do país que se registrou a maior redução no número médio de nascimentos.
Nos últimos dez anos, o número de filhos por família no Brasil caiu 10,7%. Entre os 20% mais pobres, a queda registrada no mesmo período foi 15,7%. A maior redução foi identificada entre os 20% mais pobres que vivem na Região Nordeste: 26,4%.
Os números foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e têm como base as edições de 2003 a 2013 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento mostra que, em 2003, a média de filhos por família no Brasil era 1,78. Em 2013, o número passou para 1,59. Entre os 20% mais pobres, as médias registradas foram 2,55 e 2,15, respectivamente. Entre os 20% mais pobres do Nordeste, os números passaram de 2,73 para 2,01.
Para a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, os dados derrubam a tese de que a política proposta pelo Programa Bolsa Família estimula as famílias mais pobres do país a aumentar o número de filhos para receber mais benefícios.
“Mesmo a redução no número de filhos por família sendo um fenômeno bastante consolidado no Brasil, as pessoas continuam falando que o número de filhos dos pobres é muito grande. De onde vem essa informação? Não vem de lugar nenhum porque não é informação, é puro preconceito”, disse.
Entre as teses utilizadas pela pasta para explicar a queda estão os pré-requisitos do programa. “O Bolsa Família tem garantido que essas mulheres frequentem as unidades básicas de Saúde. Elas têm que ir ao médico fazer o pré-natal e as crianças têm que ir ao médico até os 6 anos pelo menos uma vez por semestre. A frequência de atendimento leva à melhoria do acesso à informação sobre controle de natalidade e métodos contraceptivos”.
A demógrafa da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE Suzana Cavenaghi acredita que o melhor indicador para se trabalhar a questão da fecundidade no país deve ser o número de filhos por mulher e não por família, já que, nesse último caso, são identificados apenas os filhos que ainda vivem no mesmo domicílio que os pais e não os que já saíram de casa ou os que vivem em outros lares.
Segundo ela, estudos com base no Censo de 2000 a 2010 e que levam em consideração o número de filhos por mulher confirmam o cenário de queda entre a população mais pobre. A hipótese mais provável, segundo ela, é que o acesso a métodos contraceptivos tenha aumentado nos últimos anos, além da alta do salário mínimo e das melhorias nas condições de vida.
“Sabemos de casos de mulheres que, com o dinheiro que recebem do Bolsa Família, compram o anticoncepcional na farmácia, porque no posto elas só recebem uma única cartela”, disse. “É importante que esse tema seja estudado porque, apesar de a fecundidade ter diminuído entre os mais pobres, há o problema de acesso e distribuição de métodos contraceptivos nos municípios. É um problema de política pública que ainda precisa ser resolvido no Brasil”, concluiu.
Texto original no DCM

domingo, 29 de março de 2015

Hora da política estilo mandacaru

publicado em 26 de março de 2015 às 20:24

Hora da política estilo mandacaru, que não dá encosto e nem sombra
Fátima Oliveira, em O TEMPO
fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_
Há um ditado popular nordestino que diz: “Mandacaru não dá encosto nem sombra”, já que no lugar de folhas possui espinhos, muito usado para tipificar alguém que não é solidário: “Fulano é igual a mandacaru”.
“Mandacaru” (Cereus jamacaru), palavra de origem tupi que significa “árvore ou fruta de espinheiro que se come”, é também chamado de “cacto candelabro”, “cardeiro”, “cardeiro-rajado”, “cardo”, “jamacaru”, “jumacuru”, “mandacaru-de-boi”, “mandacaru-de-feixo”, Pytaia arbóreae e “tuna”.
É um cacto nativo do Brasil em regiões onde o solo é arenoso ou de clima semiárido. De porte arbóreo, o mandacaru pode crescer até cinco metros; não dá folhas, apenas espinhos de até 20 centímetros; dá flores grandes, que abrem à noite e fecham com o sol, fonte de alimento para abelhas e pássaros; e produz um fruto comestível, tipo baga, de coloração avermelhada, polpa branca e gelatinosa com sementes pretas, de sabor quase doce.
Para a gente nordestina, o mandacaru é lendário e profético, pois, quando ele floresce, é um aviso, por pior que seja a seca, de que é tempo de plantar porque a chuva virá! É um cacto típico da caatinga – medra até entre rochas, caso exista um pouco de areia. Resiste às secas mais inóspitas e sobrevive a temperaturas superiores a 45°C, além de resistir até -7°C. É o símbolo do Nordeste.
Felipe Araújo destaca: “A identificação do mandacaru com o povo nordestino e sua cultura não está somente relacionada aos períodos de estiagem. Por apresentar características como durabilidade, adaptabilidade e beleza, é comumente identificado com o povo nordestino no folclore popular por sua resistência em áreas de difícil sobrevivência”.
“Xote das Meninas”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, eternizou o mandacaru: “Mandacaru, quando fulora na seca/ É sinal que a chuva chega no sertão/ Toda menina que enjoa da boneca/ É sinal que o amor já chegou no coração”. O cantor e compositor Chico César louvou a beleza ímpar do símbolo da resistência nordestina em “Flor do Mandacaru”: “Manda, caru/ Uma flor dessa do sertão/ Uma flor de cardo/ Pra alegrar meu coração/ … Manda, caru/ Flor de mandacaru pra mim/ Pelo correio ou de caminhão/ Num barco do São Francisco/ Peço que você se apresse/ Que a saudade é ruim/ Manda, caru/ Flor de mandacaru pra mim”.
A analogia da política com o mandacaru só explodiu em minha mente quando vi e ouvi o então ministro da Educação Cid Gomes na Câmara dos Deputados, no último dia 19, desnudando a sua alma e lavando o peito de milhões de brasileiros, que há muito contestam o súbito enriquecimento de muitos parlamentares, cujo único meio de vida é a política. Há algo errado e tenebroso por aí.
Aquilo foi uma emboscada de mandacaru, mas, como nordestino experiente, Cid Gomes sabia que “só quem senta em pé de mandacaru é passarinho” e “acunhou”… Não resisti, tuitei: “Não tenho a menor simpatia pelo estilo dos irmãos Gomes (Ciro e Cid), mas tiro meu chapéu pra Cid Gomes hoje! #CidMeRepresenta”.
Cid Gomes não disse, mas decorre da sua contundente fala a compreensão de que, para que parlamentares, nos âmbitos municipais, estaduais e federal, introjetem o republicanismo no cotidiano de suas vidas, a política brasileira tem de adotar o estilo mandacaru: não dar encosto nem sombra.
Tarefa nada fácil, mas possível, como forma necessária para cercear a corrupção típica de achacadores: o “toma lá dá cá!” – um pedágio jagunço.

quinta-feira, 26 de março de 2015

A INVENÇÃO DOS HELENOS

Por Mauro Santayana

(Hoje em Dia) - Dezenas de milhares protestaram, nas últimas manifestações, contra a política em geral, o PT, partidos políticos (da situação e, em alguns casos, também da oposição) e pediram uma “intervenção militar” ou o impeachment da Presidente Dilma, embora não exista, até agora, nenhuma possibilidade jurídica ou constitucional para de sua aprovação.

Querer derrubar Dilma, sem que esteja diretamente ligada aos crimes que foram cometidos na Petrobras, é o mesmo que pedir o impeachment de Fernando Henrique Cardoso na época dos escândalos do Banestado, da sua interferência pessoal (e telefônica) nos rumos da privatização, ou do afundamento da plataforma P-36.

Errado estava o PT à època, ao gritar Fora FHC, como estão agora os que bradam Fora Dilma, a chamam de vaca, e acham que vão obter o que querem na base da pressão.

É mais difícil, ainda, que aconteça uma “intervenção militar”. 

Primeiro, porque não existe mecanismo que a permita no texto constitucional. E também porque os militares da ativa não se moverão - a não ser que haja uma catástrofe - para tirar do poder o único governo que trabalhou, nas últimas décadas, para seu fortalecimento, com a Política Nacional de Defesa, a construção de novos satélites, bases e estaleiros de submarinos convencionais e atômicos, de caças de novíssima geração como o Grippen NG BR, de tanques como o Guarani, dos novos fuzis de assalto IA-2, de sistemas de mísseis como o Astros 2020, de misseis ar-ar como o A-Darter, de radares como os SABER, de aviões de transporte pesados, como o KC-390 da Embraer.

Depois das próximas manifestações, marcadas para o mês que vem, o que vai acontecer?

Aumentará, continuamente, ainda mais, a pressão por um impeachment, por parte de pessoas que se recusam a aceitar que ele é inviável do ponto de vista da Lei ?

O PT pedirá, em reação a isto, que seus eleitores desçam de seus apartamentos - muitos também de classe média - e venham da periferia e do campo, para defender o respeito aos votos que depositaram na urna há menos de cinco meses atrás ?

Até agora, graças a Deus, as manifestações dos dois lados foram pacíficas, mas o que garante que vai continuar assim ? 

O que ocorrerá se houver confronto ? 

E quando surgirem os primeiros feridos, cadáveres, bombas caseiras, tiros, como vai ficar a situação ?

Será possível voltar atrás, depois que o primeiro sangue tiver escorrido pelo chão?

Em uma democracia, o mais importante é o direito que cada um tem de pensar - ou gritar - o que quiser.

É para dirimir as eventuais diferenças, que os gregos criaram, na antiguidade, para substituir o porrete, uma grande invenção.

Nós só precisamos aprender a usá-la melhor, e não sair quebrando cabeça - ou cabeças - por aí, quando achamos que o fizemos mal. 

Ela existe há pelo menos 2.500 anos - e teremos chance de recorrer a ela, daqui a pouco mais de dezesseis meses, para expressar a partidos e candidatos nossa vontade, nosso apoio ou repúdio, insatisfação ou indignação.

Ela significa escolha. E o seu nome é democracia. Mas pode chamar de eleição.

Texto original: MAURO SANTAYANA

quarta-feira, 25 de março de 2015

240 parlamentares lançam a Frente em Defesa da Petrobras; denunciados José Serra e a venda de ações a preço de banana em NY

publicado em 25 de março de 2015 às 00:28


Em defesa da Petrobras
Muitos brasileiros talvez ainda não perceberam, mas está em curso uma campanha diuturna para atacar a Petrobras, sua imagem e suas atividades. A pretexto de combater à corrupção, essa investida tem como pano de fundo a redução da empresa na sua capacidade de exploração dos recursos do pré-sal.
A virulência dos ataques à estatal, aumentaram na medida em que ficou claro o tamanho da reserva do pré-sal, e aumentaram exponencialmente quando o modelo de exploração colocou a Petrobras no centro dessa atividade.
Tenho defendido no parlamento o rigor na apuração das denúncias de corrupção e a punição dos envolvidos, independente de coloração partidária.
Não se pode criminalizar a empresa pelo comportamento de alguns, assim como não se pode tratar diferentemente quem tiver cometido crimes.
Não podemos deixar de lado a gênese dos problemas, mas também não podemos ser ingênuos: há poderosos interesses contrariados pelo crescimento da Petrobras.
Submersa por toneladas de notícias e artigos críticos, este ano vimos a Petrobras se tornar a maior produtora de petróleo do mundo.
No terceiro trimestre do ano passado, a empresa se tornou a maior produtora de petróleo do mundo, entre as empresas de capital aberto, com uma média de 2,2 milhões de barris/dia.
A Petrobras tornou-se a maior produtora de petróleo entre as empresas de capital aberto no mundo, após superar a norte-americana ExxonMobil.
A Petrobras também foi a empresa que mais aumentou a sua produção de óleo, tanto em termos percentuais quanto absolutos, em 2014 até setembro.
No entanto, a cada conquista, os ataques se tornam mais fortes, agressivos e virulentos. Trata-se de um ataque sistemático que, ao invés de esclarecer, lança indiscriminadamente a suspeita sobre a empresa, seus contratos e seus 86 mil trabalhadores dedicados e honestos.
Longe de ser uma empresa em ruínas, no ano de 2014, a Petrobras acumulou os seguintes resultados: a produção de petróleo e gás alcançou a marca histórica de 2,670 milhões de barris equivalentes/dia (no Brasil e exterior); o Pré-Sal produziu em média 666 mil barris de petróleo/dia; a produção de gás natural alcançou 84,5 milhões de metros cúbicos/dia; a capacidade de processamento de óleo aumentou em 500 mil barris/dia, com a operação de quatro novas unidades; a produção de etanol pela Petrobras Biocombustíveis cresceu 17%, para 1,3 bilhão de litros.
Não se debate, nem se leva em conta a venda, a preço vil, de 108 milhões de ações da estatal na Bolsa de Nova York, em agosto de 2000, pelo governo do PSDB.
Aquela operação reduziu de 62% para 32% a participação da União no capital social da Petrobras e submeteu a empresa aos interesses de investidores estrangeiros sem compromisso com os objetivos nacionais. Mais grave ainda: abriu mão da soberania nacional sobre a Petrobras.
O valor de mercado da Petrobras, que era de 15 bilhões de dólares em 2002, é hoje de 110 bilhões de dólares, apesar dos ataques especulativos. É a maior empresa da América Latina.
Segundo manifesto da FUP (Federação Única dos Petroleiros), a participação do setor de óleo e gás no PIB do País, que era de apenas 2% em 2000, hoje é de 13%. A indústria naval brasileira, que havia sido sucateada, emprega hoje 80 mil trabalhadores. Além dos trabalhadores da Petrobras, o setor de óleo e gás emprega mais de 1 milhão de pessoas no Brasil.
Por fim, não há espaço para acobertar mal feitos. Mas também não há nenhuma dúvida de que o desenvolvimento de nosso país passa pelo fortalecimento da Petrobras, pela garantia do sistema de partilha, do Fundo Social, pelo papel estratégico da Petrobras na exploração do Pré-Sal e pela preservação do setor nacional de Óleo e Gás e da Engenharia brasileira.
*VANESSA GRAZZIOTIN é senadora do Amazonas pelo PCdoB
No dia 5 de fevereiro, 15 anos depois da tentativa do Governo FHC de alterar o nome da Petrobras para Petrobrax, com o objetivo de unificar a marca e facilitar seu processo de internacionalização, uma nova investida contra a integralidade da companhia surge no Senado.
O Senador José Serra, valendo-se da crise e turbulência resultante da operação Lava-Jato, recoloca a velha política privatista e antinacional.
Segundo o Senador:
“A Petrobras tem que ser refundada. Mudar radicalmente os métodos de gestão, profissionalizar diretoria, conselho administrativo e rever as tarefas que exerce. Sua função essencial é explorar e produzir petróleo. No Brasil, a Petrobras diversificou demais e foi muito além do necessário, acabou se lançando em negócios megalomaníacos e ruinosos. Hoje, ela atua na distribuição de combustíveis no varejo, nas áreas de petroquímica, fertilizantes, refinarias, meteu-se em ser sócia de empresa para fabricar plataformas e investiu até em etanol, justamente quando a política de contenção de preços da gasolina arruinava o setor. O que dá prejuízo precisa ser enxugado. Vendido, concedido ou extinto”.
Os argumentos apresentados demonstram o completo desconhecimento da realidade da indústria petrolífera mundial e de suas tendências. Por diversos motivos, merece resposta a proposta de vender os ativos de refino e distribuição para fazer caixa e financiar a produção de óleo como solução às presentes dificuldades da Petrobras.
Desconsidera-se por completo a natureza e especificidade desta indústria, e não se trata de uma indústria qualquer. Não por acaso, em quase todos os países, a maior empresa é sempre uma petroleira.
No Brasil, esta indústria representa 15% dos investimentos e 10% do PIB. Por fim, petróleo é energia e base da química moderna: sem eles, não há soberania para um país do tamanho do Brasil.
O Senador desconhece conceitos técnicos básicos desta indústria, como o “custo de transação”, ou que o valor, para ser gerado, necessita ser extraído e realizado, daí por que a integração é imprescindível para uma grande petroleira.
Durante a década de 90, o objetivo foi “enxugar” a Petrobras, para, em seguida, vendê-la ao melhor preço. Foi o pior momento da estatal em sua história, iniciado na curta Presidência de ColIor e concluído pelo Presidente FHC ao longo de seus dois mandatos.
Além dos baixos indicadores de extração, produção e refino, registraram-se também três resultados profundamente negativos:
i) o início das dificuldades da indústria química brasileira, ainda hoje a sexta maior do mundo graças à base construída anteriormente, porque nada mais foi feito;
ii) a deterioração da qualidade dos combustíveis automotivos, que, em 1999, chegou a um quinto de não conformidade em cada litro de gasolina vendido na cidade de São Paulo;
iii) a deterioração dos padrões de segurança operacional na Petrobras entre 1999 e 2002. Resultou em dois naufrágios, com numerosos óbitos, e dois acidentes ambientais que se tornaram os piores da história da companhia.
Entre as dez maiores empresas petroleiras de capital aberto, somente uma optou por se separar do refino e venda de derivados para se concentrar em E&P (exploração e produção) nos últimos 10 anos. Todas as demais são integradas, assim como as maiores empresas do setor controladas pelo Estado.
As majors, supermajors e grandes estatais produzem do poço de petróleo à bomba de gasolina. Apenas as independentes norte-americanas e as médias empresas petroleiras, espalhadas pelas diversas bacias sedimentares produtoras no mundo, não dispõem de meios para refinar o que produzem; justamente porque não têm caixa para fazê-lo. Será que todas elas estão erradas e só a ConocoPhillips acertou?
A despeito da notória incapacidade dos economistas para prever o preço do petróleo, o capital petrolífero não costuma errar suas estratégias e seus cenários. Esso, Shell, Total e BP são empresas centenárias; sobreviveram a várias crises.
Pemex, Aramco, PetroChina, Statoil, Ecopetrol e Petrobras, pelo lado das estatais, em pouco mais de meio século, apoiadas em uma crescente capacidade de refino e distribuição, içaram-se como as maiores competidoras, num oligopólio antes dominado pelas Sete Irmãs.
Embora incapazes de saber qual será o preço futuro, todas elas entenderam que o preço do petróleo é cíclico; na verdade, profundamente cíclico.
Para sobreviver aos ciclos e, a despeito deles, continuar a crescer, o capital se aproveita de outra especificidade da indústria: não se abastece carro com petróleo. Depois de achado e extraído, é preciso transportá-lo, refiná-lo, armazenar seus derivados e distribuí-los, para somente depois ter seu uso final.
A cada etapa, gera-se valor, e é a coordenação de uma série complexa de atividades diferentes que permite a transformação do mineral num fluxo quase contínuo. É a integração das partes que permite à petroleira se apropriar do valor gerado ao longo de toda a cadeia de produção. E o somatório final não é pequeno.
Ajudadas pelo aumento de preço, como na última década, jamais as petroleiras lucraram tanto, e não foi diferente para as estatais.
A integração do poço à bomba, além disso, permite proteger-se durante as baixas. As petroleiras apreenderam muito cedo que, quando o petróleo está com preço vil, elas ganham na venda de seus derivados (que são muitos) e na sua transformação química. Não é a toa que todas as grandes empresas do setor têm refinarias, meios de transporte e distribuição próprios.
Além disso, Esso, Chevron, Shell, BP e Total dispõem de importantes plantas petroquímicas. O mesmo acontece entre as grandes estatais e, em particular, na China e no Próximo Oriente.
É fácil entender a lógica da petroleira: a perda a montante será compensada pelo ganho a jusante. Em particular, com matéria-prima barata, o refino e a petroquímica geram enormes lucros.
Basta ver o que aconteceu nos últimos anos nos EEUU: um quarto de seu crescimento se deveu ao barateamento do gás natural e excesso de condensado decorrente.
O movimento de queda nos preços do petróleo já era sentido pelas grandes petroleiras. A reestruturação em curso será profunda, e, como nas baixas anteriores, o resultado será uma maior concentração, com o desaparecimento dos competidores mais fracos e menores.
Aquele capital petrolífero, que depende apenas da produção de um ou dois campos, que está na fronteira da tecnologia, que produz não convencionalmente, ou que não tem como valorizar seu petróleo, seja sendo refinando-o, seja transformando-o em produtos de base para a petroquímica, será o primeiro a ser afetado. E estejam certos de que os oportunistas e as empresas gigantes saberão aproveitar a ocasião de liquidação dos ativos para fortalecer suas posições.
Uma onda de fusões e aquisições se avizinha, e, pelo visto, querem que a Petrobras esteja do lado das vendedoras e perdedoras. Os vencedores serão sempre os mesmos: aqueles que, há mais de um século, são capazes de desenhar uma estratégia contracorrente e avançar em tempos de crise.
Desfazer-se do refino e distribuição, a esta altura, seria um erro estratégico primário, como foi visto. Seria também entregar um ativo construído depois de mais de meio século a um preço necessariamente baixo.
Pior, seria permitir que, por vias tortas, o capital externo — o único que teria condição de adquirir as instalações — assumisse ativos que fazem a Petrobras ser a maior distribuidora de combustíveis automotivos do País, fornecedora da quarta (ou quinta) maior frota de veículos no mundo e sexta maior petroquímica. E o País ainda importa dois terços dos fertilizantes que utiliza em sua agricultura.
A Petrobras, mesmo sob fogo cerrado, acumulou em 2014 êxitos operacionais: a produção de petróleo e gás alcançou a marca histórica de 2,670 milhões de barris equivalentes/dia; o pré-sal produziu em média 666 mil barris de petróleo/dia; a capacidade de processamento de óleo aumentou em 500 mil barris/dia; a produção de etanol etanol cresceu 17%, para 1,3 bilhão de litros. Em setembro de 2014, a Petrobras tornou-se a maior produtora mundial de petróleo entre as empresas de capital aberto, superando a ExxonMobil (Esso).
Restringir-se à exportação de óleo bruto e não valorizar a crescente produção é um retrocesso histórico, um absurdo em termos de política industrial e um crime ao patrimônio nacional.
Do pau-brasil ao café, passando pelo ouro, pelo açúcar e pela borracha, o Brasil sempre esteve condenado à periferia, exportando produtos com baixo valor agregado.
Na condição de um “quase” Estado extrativo-exportador por cinco séculos, esteve submetido aos sucessivos ciclos econômicos em razão da inação de suas elites.
O petróleo é a oportunidade de se mudar positivamente a história econômica do Brasil, mas, pelo visto, parte da elite (por desconhecimento, ou má-fé) atua intensamente para desmantelar a Petrobras e não permitir que o desenvolvimento nacional.
Em defesa da Petrobras e da sua integralidade!
PS do Viomundo: Pedimos a nossos leitores que disseminem este texto nas redes sociais. São os argumentos dos quais todos precisamos para defender a Petrobras dos vendilhões.
Texto original: VI O MUNDO

terça-feira, 24 de março de 2015

Como dar um basta no jornalismo lixo da TV Globo?

A Rede Globo perdeu qualquer tipo de responsabilidade jornalística na difusão de seu conteúdo. A Globo é hoje o império da liberdade sem limites.

J. Carlos de Assis

Não me proponho contribuir para a quebra da Globo. Seria um desperdício de tecnologia em audiovisual acumulada durante décadas, a qual se tornou um patrimônio nacional de valor incalculável. Quando o senador Crivella agendou uma conversa com João Roberto Marinho na última campanha eleitoral, sugeri a ele que deveria dizer que, se eleito, se comprometeria a lutar pela consolidação do Rio como capital audiovisual da América Latina e um dos principais centros de produção de arte audiovisual do mundo. O líder seria a Globo, naturalmente, não a Record, cuja base audiovisual é São Paulo.

Acontece que os programas de boa qualidade formal da Globo, como as novelas, casos especiais, Globo Repórter, Fátima Bernardes, The Voice (não sei por que não “A Voz”) e SuperStar funcionam como uma espécie de rede física de esgoto pelo qual flui o material de má qualidade, a saber, o Jornal Nacional e, principalmente, o Jornal da Globo. Vai também junto desse lixo esse monumento à imbecilidade globalizada, o BBB Brasil, que disputa com Faustão o campeonato da idiotice, salvo apenas, no caso de Faustão, pela Dança dos Famosos, para os que tem estômago para tolerar as piadas de mau gosto do apresentador.

O lamentável é que os outros canais, como Record, Bandeirantes e SBT, não se aproveitam das falhas estruturais da Globo para lhe ocuparem o espaço jornalístico. Na Band o jornalismo é tão pobre que as notícias dos principais Estados são veiculadas por rádio, sem acompanhamento de imagem. A Record tem a sorte de ter em seus quadros um dos maiores jornalistas do Brasil, Paulo Henrique Amorim, mas também nela falta infraestrutura para o noticiário em geral. Com isso, a Globo nada de braçadas, fixando o padrão de mediocridade que move a maior parte do jornalismo de televisão.

Como colunista do Globo, privei durante quase um ano da intimidade de Roberto Marinho, o que me possibilitou conhecer bem algumas de suas facetas. Era um homem simples, sem ideologia, voltado quase exclusivamente para o jornal, não a tevê. É que, de jornal, ele acreditava entender bem – entrou na tipografia e acabou dono -, enquanto a televisão não lhe era familiar, e deixava entregue a José Bonifácio, o Boni, e Walter Clark. Boni e Clark puderam dar uma direção profissional à televisão, sem interferência do dono, enquanto o jornal era estritamente vigiado por ele.

Talvez viesse daí a mediocridade do Globo quando comparado com o Jornal do Brasil, por exemplo. Entretanto, mesmo que não fosse um luminar do jornalismo, Roberto Marinho tinha o espírito da notícia. Lamentou várias vezes não ter podido dar o furo do Plano Cruzado porque Sarney lhe pedira reserva. (O curioso nesse episódio é que Sarney não se deu conta de que estava passando informação privilegiada para o maior grupo de comunicação do país num momento crucial da vida econômica brasileira. Na verdade, Sarney temia tanto o grupo Globo que não pensou duas vezes antes de lhe entregar uma ficha valiosa que não foi usada.)

O espírito jornalístico de Roberto Marinho não foi transmitido à prole. No caso da televisão, foi totalmente desvirtuado. Como jornal perdeu espaço no mundo da comunicação, a penetração da tevê tornou-se uma arma mortal de difusão ideológica. No Jornal Nacional ela vinha sendo usada com alguma moderação porque os editores, William Bonner à frente, calculavam que os telespectadores são sobretudo de classe média baixa. A partir da última eleição, contudo, com o sistema Globo assumindo papel de militante pró-Aécio, a manipulação ideológica também do noticiário televisivo no horário nobre tornou-se aberta.

Como já escrevi anteriormente, o sistema de três feudos e várias satrapias jornalísticas do Globo não tem hoje nenhum controle político. É o campo da liberdade sem limites dos âncoras e apresentadores, no qual atua a lei da selva. Um ensaio iluminado de Norberto Bobbio ensina que os luminares do alvorecer da Idade Moderna não esclareceram bem o que entendiam por liberdade. Alguns, como Locke e Montesquieu, viam a liberdade como o não limite; outros, como Rousseau e Hobbes, como prerrogativa de estabelecer os próprios limites. Os primeiros inspiraram o liberalismo econômico. Os segundos, a democracia.

A tevê Globo é hoje o império da liberdade sem limites, do liberalismo econômico que gerou nas quatro últimas décadas o neoliberalismo. Antes, por contraditório que possa parecer, Roberto Marinho lhe dava um caráter democrático. Um dia, na minha época no Globo, entrei na sala dele e lhe expus o que sabia dos rumores de corrupção do Governo Collor. “O que acha que eu devo fazer?”, perguntou ele a mim, que tinha pouco mais de metade de sua idade. “Ponha na televisão”, sugeri. Ele ficou em silêncio alguns segundos para comentar, encerrando a conversa: “É muita responsabilidade...”

É essa responsabilidade que a Globo perdeu sob a influência nefasta do grupo Veja. Destruidora do Governo Collor, sem provas – a entrevista que publicou com o irmão de Collor foi um monumento à irresponsabilidade jornalística -, Veja começou a articular suas “revelações” de escândalos, oriundas de espionagem paga, com o noticiário do Jornal Nacional e o Jornal da Globo. Duplamente irresponsáveis, esses dois sistemas de empulhação jornalística estão destruindo o Brasil com intrigas, e contribuindo para a degradação de todas as instituições brasileiras, Executivo, Legislativo e Judiciário. Chegou o momento do basta.

Para destruir Veja, o que se justifica como profilaxia da imprensa brasileira, é muito fácil: basta parar de comprá-la e cancelar as assinaturas. Caso sinta necessidade de revista, compre a Carta Capital como alternativa, com uma linha mais imparcial.

No caso da tevê também é fácil. Como queremos preservar as novelas e punir o jornalismo-lixo, vamos fazer o seguinte: no horário do Jornal Nacional e do Jornal da Globo - depois da novela, num caso, e do BBB, do outro -, vamos desligar a televisão ou mudar de canal. Todos os anunciantes da Globo saberão pelas pesquisas que, naquele horário, os aparelhos ou estarão desligados ou ligados em outro canal. (Sugiro que alguém mais competente que eu em matéria de internet arranje um jeito de tornar essa convocação nacional através das redes sociais, começando numa data marcada com antecedência e combinando novas datas até que se torne conhecida alguma providência do sistema Globo em reestruturar profissionalmente seus jornais!)

*Jornalista, economista e professor, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de mais de vinte livros sobre Economia Política, sendo o último “A Razão de Deus”, pela Civilização Brasileira.

Texto original: CARTA MAIOR

quarta-feira, 18 de março de 2015

Omissão do ministro da Justiça reforça o comportamento dos golpistas

publicado em 17 de março de 2015 às 12:01

segunda-feira, 16 de marco de 2015
Ministro Cardozo, veja até onde sua omissão nos levou. Aonde mais nos levará?

do blog do Mello

A imagem que ilustra esta postagem foi colhida ontem, dia das manifestações daqueles que são contrários ao PT, ao governo, à democracia…

Bom, a pauta era variada e confusa (houve até uma mulher com um cartaz defendendo a fome e o direito de assassinar mulheres…).

Mas esta imagem, se não me engano do protesto de Jundiaí, SP, mostra bonecos representando o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma enforcados.

Isto acontece graças à sua omissão, que se confirmou na coletiva que deu no final do dia, onde defendeu como pacíficas e democráticas palavras de ordem ofensivas e misóginas contra a presidenta, pregação de golpe militar e volta à ditadura, o uso ilegal de uma concessão pública (Globo) para insuflar a manifestação contra o governo, e até o ataque com bomba a uma sede do PT. Onde a democracia e a não violência aí?

Mas, volto à imagem. Ela me remeteu, em sentindo inverso, àquela do fascista Mussolini, pendurado de cabeça para baixo.

Só que aqui os fascistas é que penduraram bonecos de nossos presidentes, atrevida e IMPUNEMENTE.

Tudo isso graças a sua inoperância, sua omissão, sua covardia.

O que foi feito do policial federal que usou uma silhueta da presidenta como alvo e postou nas redes sociais?

O que foi feito com outros policiais federais que fizeram ataques à presidenta e campanha nas redes para o candidato por nós derrotado?

O que foi feito para punir os vazamentos seletivos da Lava Jato, com o claro objetivo de atingir o PT e criar obstáculos para a reeleição da presidenta Dilma?

Nada.

E essa impunidade reforça o comportamento dos golpistas. Agem com a certeza de que vão e podem contar com sua omissão covarde.

Agora, penduraram bonecos enforcados com as imagens de Lula e Dilma.

A prosseguir sua omissão, podem tentar o mesmo com as pessoas de verdade.

Como disse Machado de Assis, a ocasião faz o furto; o ladrão já nasce feito.

Há louco pra tudo. Até para tentar matar Lula ou Dilma, só para aparecer no Jornal Nacional.

À espera da ocasião.

Veja também:

Caio Castor: Protesto contra Dilma na Paulista foi muito além da classe média

Texto original: VI O MUNDO


terça-feira, 17 de março de 2015

Quem financia os grupos que pedem o impeachment?



Publicado na BBC Brasil.

Não é só o trava-línguas: para o líder do MBL (Movimento Brasil Livre), a estratégia de mobilização do MPL (Movimento Passe Livre) é fonte de inspiração.

Mas as semelhanças entre o grupo que liderou as manifestações de junho de 2013 e a articulação que pretende reacendê-las no próximo domingo não vão muito além.

“Em termos de estratégia, nos inspiramos no MPL. Nas redes sociais, sim, pensamos de forma semelhante”, diz Kim Kataguri, coordenador nacional do MBL, que defende o livre mercado e o impeachment de Dilma Rousseff. “Ideologicamente, somos opostos. E os protestos deles têm sempre vandalismo.”

Procurado, o MPL agradeceu a inspiração do quase xará. “A gente tem uma forma própria de agir e qualquer movimento pode se inspirar”, afirma Heudes Oliveira, porta-voz do grupo.

Além dos objetivos políticos distintos, características como modelos de financiamento, remuneração de equipes e investimentos em imagem dão personalidade própria aos movimentos da que irão às ruas neste domingo para manifestações contra o governo.

Depois de ganhar projeção nacional durante as eleições, os antigovernistas Vem Pra Rua, Revoltados On Line e MBL intensificaram sua atuação nas redes e nas ruas às vésperas dos atos.

A seguir, eles dão exemplos à BBC Brasil de suas principais estratégias:
Financiamento

Todos os grupos frisam ser apartidários e não receber dinheiro de partidos ou políticos.

Rogério Chequer, criador do Vem Pra Rua, diz que seu grupo é financiado por “centenas” de “doações espontâneas de pessoas envolvidas na coordenação do movimento”, mas não revela seus nomes.

A BBC Brasil teve acesso ao registro do site vemprarua.org.br (imagem ao lado), URL oficial usada pelo movimento nas eleições. O domínio foi comprado pela Fundação Estudar, do empresário Jorge Paulo Lemann, sócio da cervejaria Ambev, da rede de fast food Burger King e diversos sites de comércio eletrônico.

No fim de 2014, o site foi excluído e o Vem Pra Rua mudou de endereço online. Em nota, a Fundação Lemann se disse “apartidária” e atribuiu o caso a uma “iniciativa isolada” de um ex-funcionário.

“A Fundação Estudar esclarece que não detém o registro e não hospeda em seu domínio o site vemprarua.org.br. A associação do nome da Fundação com este site ocorreu erroneamente por uma iniciativa isolada e individual de um colaborador, que já não faz mais parte do quadro da instituição.”

MBL e Revoltados On Line afirmam recorrer à contribuição financeira de seguidores e aos próprios bolsos para promover seus atos e divulgá-los nas redes.

Já o ‘Revoltados’, além de publicar a conta pessoal de seu criador em diversas postagens, aposta em “moda impeachment”. Uma camisa polo preta com aplicação da frase “Impeachment já” e faixa presidencial estilizada é oferecida por R$ 99,99. O kit completo – polo, boné e cinco adesivos – custa R$ 175.

A renda gerada é um mistério. “Não tenho esse balanço fechado, eu não fechei ainda”, diz Marcello Reis, responsável pelo movimento, que tem entre os alvos a crise na Petrobras. “Não quero tornar isso público. O valor só será divulgado para os associados e não para gente que só quer perturbar.”

Kataguri, do MBL, diz à reportagem ter arrecadado R$ 7 mil em doações de seguidores para o protesto do dia 15.

Investimentos e imagem

Na internet, como os defensores da tarifa zero, os grupos anti-PT apostam no maior volume possível de postagens diárias e no bombardeio de convites para “grandes manifestações”. Também promovem “aulas públicas” – reuniões em espaços abertos para apresentação de pautas do movimento.

A promoção paga de suas postagens na internet está entre suas diferenças.

“A gente promove posts no Facebook”, diz à reportagem o fundador do Vem Pra Rua. “Não é para ganhar visibilidade, é para direcionar para um ‘universo'” – ele não revela quais as características do público-alvo.

Já o Revoltados On Line, líder em número de seguidores, centraliza sua comunicação em torno de seu criador – que aparece diariamente em vídeos caseiros e “selfies” com adeptos do movimento.

“Temos uma equipe fixa de 15 pessoas”, diz o ‘revoltado’ Marcello Reis. “Os administradores não têm remuneração. Alguns profissionais, editores de vídeo, fotógrafos, eles são remunerados.”

Na internet, Vem Pra Rua e MBL investem em vinhetas profissionais ao fim de seus vídeos, linguagem, fotos e cartazes bem elaborados.

Também contam com a participação voluntária de famosos, como os músicos Paulo Ricardo, do RPM, e Roger, do Ultraje a Rigor. Eles fazem convites para os protestos.

Autor de frases como “Justiça social é outro nome para caridade com dinheiro alheio”, o MBL investe em campanhas inusitadas para o engajamento de seus seguidores. Numa delas, convida fãs a enviarem discursos em vídeo.

“O melhor será convidado para discursar do carro de som”, anuncia o grupo.

A cartilha dos ‘Revoltados’ tem linguagem agressiva: defensor do impeachment, o grupo usa recorrentemente termos como “ladra”, “vaca”, “sapo barbudo” e “cachaceiro” quando se refere a líderes petistas.

O funkeiro carioca Mr Catra foi o famoso escolhido recentemente pelo grupo em um de seus vídeos.

Texto original: DCM

domingo, 15 de março de 2015

Globo vai de capacete pra avenida Paulista, que é tomada por uma multidão em defesa da Democracia

O ato na Paulista e em outras cidades do Brasil e a retomada das redes pela esquerda podem ser um ponto de inflexão na disputa política.

Rodrigo Vianna - Escrevinhador

A chuva tinha acabado de dar uma trégua quando Maria Lúcia Gonçalves chegou à avenida Paulista, e ajudou a abrir uma enorme faixa: “Fora PIG”. Maria Lúcia integrava uma delegação de sindicalistas que vinha de Sorocaba (SP) numa das caravanas organizadas pela CUT, para o dia em defesa da Petrobras e da Democracia.

Com um meio-sorriso nos lábios, a sindicalista veterana parecia orgulhosa de fazer – em público – uma crítica que normalmente só é feita nas redes sociais: “a imprensa hoje é um partido, que tem um lado e precisa ser derrotada. Globo, Folha, Estadão e as agências de notícias que abastecem os jornais regionais, eles são um partido. E são contra o Brasil”.

Àquela altura, por volta de 14 horas, a impressão era de que a mobilização sindical seria pequena. Pouco mais de mil pessoas se aglomeravam à frente da sede da Petrobrás em São Paulo: o enorme prédio envidraçado desde cedo aparecia enfeitado com bandeiras e balões da CUT, da CTB, dos sindicatos, e com as faixas de quem estava ali para dizer não à campanha de destruição da Petrobrás, apoiada pela mídia.

“Não quero corruptos, mas não quero os gringos mandando na Petrobras”, dizia um pequeno cartaz escrito à mão. Outros eram mais bem produzidos. Havia adesivos contra Alckmin e a crise da água, e havia sim muita gente carregando cartazes em defesa de Dilma: “O mandato é de 4 anos, respeite meu voto”.

O PCdoB tinha uma mensagem mais explícita: “Em defesa da Democracia, Dilma fica” – acompanhada do mapa brasileiro e a da foto da Dilma de óculos, guerrilheira – imagem que a esquerda costuma empunhar nos atos de rua desde a campanha de 2010.

Às 15 horas, a concentração cresceu: já havia mais de 5 mil pessoas em frente à Petrobrás. Antes de subir para o caminhão de som, o presidente da CUT Vagner Freitas foi cercado pelos repórteres da velha imprensa – aquela mesmo contra a qual Maria Lucia protestava. O velho coro tomou conta da avenida: “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo.”

Tentei me aproximar do bolo de jornalistas, e notei que o repórter José Roberto Burnier carregava o microfone da Globo – com o símbolo da emissora (nas manifestações de Junho de 2013, os jornalistas da Globo usavam microfones sem o símbolo, para evitar hostilidades; mas dessa vez Burnier preferiu ser explícito).

As vaias e as hostilidades verbais cresceram. O locutor pediu calma aos manifestantes: “pessoal, a Globo merece vaias e críticas, mas a equipe aqui está só fazendo o trabalho deles”.

De fato, faziam apenas o trabalho – mas com acessórios curiosos: cinegrafistas e assistentes de câmera da Globo usavam capacete incomum, como se estivessem em zona de guerra. Atrás deles, dois homens altos faziam a segurança…

Mas a Globo não estava em zona de guerra. As hostilidades verbais sofridas pela equipe não impediriam as entrevistas, e nem de longe lembram a guerra incessante que o Jornalismo da Globo – sob comando de Ali Kamel – move contra sindicatos, movimentos sociais e contra as políticas trabalhistas.

Os manifestantes da Paulista trataram a Globo muito melhor do que a Globo trata os manifestantes em seus noticiários.

E os manifestantes, logo depois, já haviam esquecido Burnier e sua equipe, passando a ouvir os discursos inflamados que vinham do caminhão plantado à frente da empresa. Como em 1954 – pouco antes do suicídio de Vargas, a Petrobrás é o foco de uma disputa que opõe os liberais/udenistas derrotados nas urnas e os trabalhistas vitoriosos nas urnas mas sem espaço na mídia.

“La lucha de los brasileños es la lucha de toda America Latina”, dizia o sindicalista argentino, colocando a disputa das ruas numa perspectiva continental.

A batalha é a mesma na Argentina, na Venezuela… A diferença é que no Brasil as lideranças da esquerda (Dilma e Lula) não estão nas ruas. A marcha da Paulista não teve lideranças partidárias. Foi construída por milhares de marias lúcias e suas faixas.

Força ou fraqueza?

Nas redes sociais, muita força. O coletivo #Jornalistaslivres organizou uma cobertura colaborativa dos fatos - à qual este escrevinhador se agregou: mídias ninjas, fotógrafos, repórteres, e uma espécie de redação improvisada no bairro do Bexiga.

Do MASP, um colega do grupo de #Jornalistaslivres avisou a este blogueiro (pelo whatsapp) que a assembléia dos professores já reunia naquele momento cerca de 5 mil pessoas. E os professores paulistas aprovaram greve a partir de segunda-feira.

Por volta de 16 horas, os manifestantes da Petrobrás começaram a se deslocar em direção ao MASP – cerca de 5 quadras adiante. Nesse momento, a chuva voltou, e alguns buscaram o abrigo das marquises na Paulista. Mas a maioria seguiu marchando pela pista Paraíso-Consolação.

Uma gigantesca massa vermelha se formou. Este escrevinhador calculou em cerca de 20 mil ou 25 mil o total de manifestantes que saíram em marcha naquele momento. Mas quando a chuva diminuiu, por volta de 17h30, mais gente se juntou à manifestação. Por isso, alguns calcularam número ainda maior.

Os carros de som já desciam pela Consolação, enquanto um grupo – menos concentrado – de manifestantes ainda se deslocava pela Paulista, dez ou doze quadras para trás.

Nos bares, era possível ver na TV os poucos “flashes” que a velha imprensa dedicava ao ato: na Globo, surgiu ao vivo um repórter (este sem o cubo de identificação, ao contrário de Burnier). Poucas imagens, nenhuma cena a dar a dimensão da grande massa que se deslocava.

No fim do dia, uma guerra de números: a direção da CUT falava em 100 mil manifestantes. A PM de Alckmin cravava o número ridículo de 12 mil.

O blogueiro do UOL Mario Magalhães achou que a polícia estava abusando, e provocou a assessoria da PM pelo twitter: “@PMESP, conheço metodologia de cálculo de multidões. Escrevi sobre isso quando ombudsman da Folha. Eu vi as imagens. Muito mais que 12 mil.”

A PM de Alckmin seria desmentida pelo DataFolha, que estimou em 41 mil o número de manifestantes em São Paulo. Mais tarde, o mesmo @mariomagalhães traria luz sobre a forma de atuação da PM paulista: “PMESP curtindo tuíte de quem convoca para manifestação do domingo. É postura institucional do governo de São Paulo?”

A postura do jornalista mostra que nem tudo no PIG é PIG (como, aliás, indicam também os corajosos textos de Juca Kfouri, publicados esta semana, criticando os paneleiros e defendendo as regras de civilidade democrática).

Neste sentido, foi ótimo que a manifestação da Paulista tenha hostilizado a Globo, mas não os profissionais da emissora – que, felizmente, não precisaram testar a capacidade protetora de seus capacetes.

Será que um blogueiro de esquerda, ou um mídia ninja, será tratado com a mesma razoabilidade na manifestação de domingo? Quem aposta?

Por último uma notícia importante: pela primeira vez desde janeiro, a direita golpista perdeu o comando da rede e do twitter nesta sexta. Das 10 hashtags mais usadas no twitter (entre 5h e 17h no dia 13/março), as quatro primeiras vieram da esquerda:

1 #Globogolpista (48.028 menções)

2 #Dia13diadeluta (17.819)

3 #Domingoeunãovouporque (14.819)

4 #Dilmalinda (7.753)

Só em quinto lugar apareceu uma hashtag da direita (#canseidesertrouxaagoraeuvou – 4.290).

6 #Jornalistaslivres ficou em sexto lugar, com 2.475 menções.

O ato na Paulista (e em várias outras cidades do Brasil nesse dia 13) e a retomada das redes pela esquerda (que estava zonza desde o início do segundo governo Dilma) podem ser um ponto de inflexão na disputa política.

Claro que o ato de domingo, da direita e dos tucanos, deve ser grande – especialmente em São Paulo. Ninguém deve se enganar.

Mas o PSDB e seus aliados tresloucados da extrema-direita parecem ter errado a mão, reunificando a esquerda – que não precisa endossar as levyandades econômicas para compreender a importância de se barrar, nas ruas, o avanço conservador.

Créditos da foto: Mídia Ninja

Texto replicado deste endereço: CARTA MAIOR

terça-feira, 10 de março de 2015

Terrorismo, mentiras e pedofilia na pedagogia do Sistema Globo

O jihadista que, pela mão de Chico Caruso, pretendeu degolar Dilma, não representa o povo brasileiro.

J. Carlos de Assis

Graças a Deus não temos terroristas no Brasil. Se tivéssemos, e se fossem do tipo dos que metralharam os cartunistas do Charlie Hebdo, em Paris, há semanas, algum jihadista revoltado com a charge do último domingo de Chico Caruso, no Globo, talvez resolvesse por em prática sua sugestão: cortar a cabeça, fisicamente, da Presidenta Dilma Rousseff em nome de alguma guerra santa genérica, lembrança do lacerdismo, contra a corrupção, mesmo depois de se tornar público que a Presidenta não foi sequer investigada na Lava Jato. 

A liberdade “sem limites” do chargista brasileiro, que se denomina dois em um por causa do irmão gêmeo, é da mesma espécie da dos franceses. Não há nenhuma regra moral, nenhuma regra de conveniência, nenhuma regra de respeito à liberdade do outro que se contraponham ao sagrado direito de livre expressão. A cruzada, não só do Globo mas de toda a grande mídia escrita brasileira, assim como da maioria das televisões, é no sentido de enxovalhar a vida privada e pública dos cidadãos em nome da liberdade de imprensa. 

Ah, dizem eles, as pessoas tem o direito de ir à Justiça para reclamar contra injúria, calúnia e difamação praticadas pela imprensa! Mas como, se elas coincidem com a publicação da ofensa? Além disso, na maioria dos casos, a Justiça se sente intimidada pelo poderio dos jornais, revistas e televisões, que se protegem reciprocamente quando não entram em cadeia privada para denegrir a imagem de alguém ou quando, como nesse caso, chegam à beira da própria exaltação do terrorismo? Não seria o da imprensa o verdadeiro terrorismo?

Tenho mais de 35 anos de jornalismo e jamais vi, exceto às bordas de 64, neste caso pela ação extremada de ação e reação ao lacerdismo, uma situação política tão exacerbada. A culpa é exclusivamente da imprensa. Depois dos anos de chumbo da ditadura – que durante muitos anos, por orientação de um livro de Fernando Henrique, chamei “carinhosamente” de autoritarismo -, a imprensa se posicionou crescentemente do lado oposto, num movimento dialético pendular da história, caracterizado por extremos dos dois lados.

Creio que chegamos ao momento da síntese que é o resultado de uma interação dinâmica entre opostos. Momentos como esse costumam ser caóticos. Na Teoria do Caos, ou pela Segunda Lei da Termodinâmica, a superação de situações como esta implica a completa degeneração do velho. Em outras palavras, é o momento da depuração do Executivo, do Legislativo e, por que não, do Judiciário. Os dois primeiros já estão sendo depurados; no caso do Judiciário, convém apoiar a iniciativa do Senador Renan para uma CPI do Ministério Público.

O jihadista que, pela mão de Chico Caruso, pretendeu degolar Dilma, não representa o povo brasileiro. Ela, como todo mundo, tem pontos fracos e fortes. No curto prazo, enquanto Presidenta eleita legitimamente, ela terá de se valer de todos os seus pontos fortes para tirar o Brasil do caos. Acho que tem competência para isso. E é o que vamos demonstrar, no dia 13, na Cinelândia, e estendendo-se até a Av. Chile, num comício em defesa da Petrobrás, da Engenharia Nacional e de uma política verdade de cunho social-desenvolvimentista.

A propósito, antes de terminar: onde estavam os irmãos Caruso quando Dilma era torturada de verdade nos porões da ditadura militar? Estavam aprendendo a desenhar? Ou estariam ensinando desenho para quem fez a legenda da camiseta de Luciano Huck, “vem nimim que tô facim”, exibida publicamente por uma menina de uns 12 anos no seu programa da Globo - num caso que, se não fosse de gente dela, a Globo descreveria como exaltação da pedofilia? Será que essa TV tem dono para responder por isso? Se tiver, vale a pena aplicar nele a jurisprudência nazista do “domínio do fato”, invocada por Joaquim Barbosa e tão exaltada pela Globo no caso do mensalão! 
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J. Carlos de Assis é jornalista, economista, doutor em Engenharia da Produção pela Coppe/RJ, autor de mais de 20 livros sobre Economia Política, sendo o mais recente “A Razão de Deus”, pela Civilização Brasileira.

Créditos da foto: Reprodução

Texto original : CARTA MAIOR