sexta-feira, 9 de março de 2018

Cármen Lúcia e a memória do AI-5


Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Ao tentar impedir, de todas as maneiras, o debate em plenário do STF sobre um pedido de habeas corpus para Lula, a presidente Cármen Lúcia se alinha à mais lamentável tradição autoritária brasileira.

Estamos falando daquele regime vergonhoso erguido em dezembro de 1968, através do AI-5, que instituiu uma ditadura que censurava os jornais, esmagava lideranças populares e empregava a tortura como método usual de investigação. Não por coincidência, ao se instalar tal regime cassou três ministros do STF. 

A irrespirável paz de cemitério que o país enfrentou pelos anos seguintes incluiu, como um de seus instrumentos essenciais, exatamente a supressão do habeas corpus para cidadãos e cidadãs enquadrados na Lei de Segurança Nacional, a carapuça jurídica que os advogados dos generais criaram para dar uma cobertura legal à perseguição de adversários e inimigos.