Renan Truffi, do R7
No Brasil, o salário pago a um presidente da República, hoje de R$ 26,7 mil, talvez não seja suficiente para fazer um novo milionário. Mas a experiência e a visibilidade do cargo podem garantir, ao fim do mandato, boas chances de engordar a conta bancária.
Em 2011, seguindo o exemplo do antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e de outros políticos que ocuparam cargos importantes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recheou sua agenda com palestras e conferências no Brasil e no exterior.
Um levantamento feito pelo R7 - em notícias publicadas na imprensa e no site do Instituto Cidadania, fundado pelo ex-presidente e onde ele voltou a trabalhar - constatou que Lula participou de cerca de 30 eventos em que discursou ou deu palestra somente neste ano.
Deste total, 18 foram apresentações remuneradas para empresas. Na lista de clientes estão algumas das maiores companhias do mundo, como LG, Microsoft, Telefônica e Santander.
A maioria das palestras ocorreu no exterior. Ele já foi pago para falar sobre seus dois mandatos, sobre a crise internacional e os programas sociais de seu governo em países como Portugal, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos, México, Colômbia e Qatar.
Embora a assessoria de imprensa de Lula não confirme e os clientes não divulguem, fontes do mercado ouvidas pela reportagem estimam que o cachê do ex-presidente gire em torno de R$ 200 mil por aproximadamente 50 minutos de palestra.
Fazendo as contas com base neste valor, calcula-se que ele tenha embolsado, em oito meses, pelo menos R$ 3,8 milhões. A quantia poderia ser ainda maior, já que o câncer de laringe, descoberto no fim de outubro, obrigou Lula a cancelar todos os seus compromissos por causa do tratamento. Por este motivo, ele teve de interromper momentaneamente a carreira de palestrante, que havia iniciado em março.
Valores
A consultora Ana Tikhomiroff, fundadora da empresa Palestrarte e membro do Comitê de Ética da IASB (Associação Internacional de Banco de Palestrantes), vê com naturalidade os altos valores pagos a políticos para falar diante de executivos, acionistas e clientes de empresas.
Em sua opinião , o Brasil ainda não desenvolveu uma cultura de palestras como existe em outros países, como os Estados Unidos.
Ana conta que já intermediou a contratação de uma palestra do ex-presidente FHC para um dos clientes de sua empresa. De acordo com ela, o valor cobrado pelo tucano, pouco tempo depois de deixar o governo, era bem próximo ao que estaria sendo pago a Lula.
- Nos EUA, esse valor é comum. É que, aqui, nós não temos grandes nomes que fazem palestra. Temos só o FHC e o Lula. Mas, lá fora, têm pessoas de renome que cobram bem mais que isso, como o [ex-presidente americano] Bill Clinton. Trabalhei com o Fernando Henrique e, na época, ele cobrou R$ 150 mil de um cliente.
Ana explica que o cachê pedido pelos políticos visa mais selecionar as empresas que irão contratá-los. Políticos renomados, diz ela, fazem palestras “estratégicas”.
- É uma coisa mais de momento. Não acho que é de interesse deles viver de palestra. Então, a questão do valor é um pouco para dar uma peneirada. Até porque eles não têm disponibilidade de agenda para ficar fazendo palestra o tempo todo.
O especialista Cesar Freire, diretor-executivo de outra empresa do ramo, a Parlante, diz que os R$ 200 mil que estariam sendo pagos a Lula estão dentro da realidade brasileira. Em sua opinião, o valor “não é nenhum absurdo” e condiz com a experiência que ele divide com quem o contrata.
- É experiência, história de vida. Foram dois mandatos e ele é uma personalidade internacional. As empresas ficam ouriçadas porque sabem o que gera de mídia. Isso tem um valor muito grande.
TEXTO COMPLETO NESTE ENDEREÇO:
http://noticias.r7.com/brasil/noticias/lula-fatura-pelo-menos-r-3-8-milhoes-em-palestras-no-primeiro-ano-fora-do-governo-20120101.html
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