Brasileiros em Miame - EUA |
Por Altamiro Borges
Muitos “coxinhas” que foram às ruas com suas camisetas amarelas da “ética” CBF para berrar pelo “Fora Dilma” nunca esconderam o seu desprezo pelo Brasil e o seu amor por Miami, o paraíso das camadas médias com complexo de vira-lata. Nas eleições presidenciais de 2014, a cidade estadunidense da Flórida foi a que registrou o maior percentual de votos para o cambaleante Aécio Neves – no Brasil e no mundo. Reduto dos “gusanos” brasileiros, ela garantiu 91,79% dos votos válidos para o ídolo tucano e 8,21% para a “castrista e bolivariana” Dilma Rousseff. Derrotados nas urnas, vários “coxinhas” afirmaram que abandonariam “esta merda de Brasil” e iriam morar em Miami.
Agora, porém, eles devem estar apreensivos. A vitória do xenófobo e racista Donald Trump – graças ao “inestimável” apoio de um grupelho fascista que promoveu um ato patético na Avenida Paulista – pode atrapalhar os planos dos amantes de Miami. O novo presidente dos EUA já disse várias vezes que não suporta os latinos – o que inclui os brasileiros. Na sua primeira entrevista como chefão do império ao canal CBS News, neste domingo (13), ele voltou a falar que expulsará de imediato mais de 3 milhões de imigrantes do país. As notícias desesperam os brasileiros que residem na Flórida, como atesta uma reportagem da Folha publicada neste final de semana.
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Com Trump eleito, brasileiros na Flórida temem aperto na imigração
Por Adriana Brasileiro
A primeira coisa que Victor Souza fez ao saber da vitória surpreendente do candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos foi marcar uma conversa com seu advogado em Miami, logo pela manhã.
O empresário paraibano veio para a Flórida com a mulher e dois filhos em janeiro para entrar como sócio em uma distribuidora de pão de queijo congelado e outros produtos brasileiros. Ele deu entrada em um pedido de visto de negócios e tem medo que Trump proponha mudanças na lei que dificultem sua vida.
“Trump dificilmente fará mudanças que afetem pedidos de visto de forma retroativa, mas mesmo assim eu fiquei muito preocupado”, disse Souza, que também é motorista cadastrado no aplicativo de transporte Lyft, concorrente do Uber.
"Ele falou tanto sobre expulsar os imigrantes, sobre como os estrangeiros roubam os empregos dos americanos, que eu pensei 'será que cometi um erro ao vir para cá e investir em um negócio? Será que esse cara vai resolver me deportar?'", disse, em tom de brincadeira.
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Residentes em situação irregular e brasileiros que têm vistos temporários estão apreensivos. Aproximadamente 300 mil brasileiros vivem na Flórida, de acordo com estimativas do Itamaraty, mas o número é provavelmente maior, já que pessoas sem visto evitam contato com o consulado brasileiro, por medo de serem entregues às autoridades americanas.
Durante a campanha, Trump prometeu deportar 11 milhões de pessoas que trabalham nos Estados Unidos ilegalmente, e falou em construir um muro na fronteira com o México para evitar que "estupradores" e "traficantes" entrem no país. Também disse que implementaria políticas para banir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos como forma de combater o terrorismo.
Maria Helena Oliveira vive em Miami há 25 anos sem visto e trabalha como cuidadora de idosos e diarista. Foi casada com um porto-riquenho, mas não conseguiu o tão sonhado green card, o que a impede de entrar novamente nos Estados Unidos caso saia para visitar a família no Brasil.
"Estou arrasada. Se ele realmente fizer o que está prometendo, muita gente vai sofrer. A vida dos ilegais já é muito difícil, imagina como vai ser com o Trump trabalhando para deportar todo o mundo?"
TODOS NA MIRA
Não são só os residentes irregulares menos qualificados que temem eventuais mudanças nas políticas de imigração do governo Trump. Investidores e pessoas que têm recursos financeiros para obter um visto de estudante, por exemplo, também podem, potencialmente, sofrer restrições à entrada nos Estados Unidos no futuro.
Patricia Périssé Bochi, advogada especializada em consultoria migratória e vistos de negócios, teme que o discurso xenófobo e racista de Trump gere desconfiança entre investidores brasileiros que consideram os Estados Unidos como um possível destino.
"Ele pinta uma imagem negativa e generalizadora do imigrante, que afeta todas as classes de pessoas", disse Bochi, que tem como clientes de seu escritório em Miami brasileiros que investem pelo menos US$ 500 mil nos Estados Unidos para obter um green card.
"A briga dele começa com os ilegais, mas a retórica é relativa ao imigrante em geral."
Brasileiros que têm os recursos financeiros para viver na Flórida sem a necessidade de trabalhar dificilmente serão afetados por qualquer medida de restrição a imigração, opina Leo Ickowicz, dono da imobiliária Elite International Realty, que conta com 85 corretores cujos clientes são, em sua maioria, brasileiros.
Muitos de seus clientes chegam a Miami com vistos de estudante, que podem ser renovados de acordo com cada caso individual. Depois podem mudar de visto, e obter o direito de trabalhar ou de investir em uma empresa, por exemplo, segundo Ickowicz.
"Eu tenho visto muitos casais jovens que estão vindo para cá para dar segurança e uma educação melhor para os filhos, e eles usam o visto de estudante nesse primeiro momento", disse o empresário. "O Trump não vai alterar os planos dessas famílias. E, quando se tem dinheiro, é mais fácil resolver essas questões de visto, em qualquer lugar do mundo."
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Diante de um cenário tão desanimador para os “coxinhas” com complexo de vira-lata nada como a divertida leitura do sarcástico José Simão. No texto intitulado “EUA! Latinos perdem o trampo”, ele dispara: “Mudança de planos do brasileiro. No lugar da Disney World, Beto Carrero. E no lugar de Miami, Paraguai! E o site Kibeloco contou que ontem uma mulher foi pro shopping e deu de cara com um muro nas Lojas Americanas! Protecionismo! Rarará! Muro nas Lojas Americanas e muro do México, construídos pela Odebrecht... E já tem um meme com o Trump vestindo a camiseta Bolsonaro presidente! Socorro!”.
Texto original: BLOG DO MIRO
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