sábado, 27 de setembro de 2014

Com Marina Silva, a direita saiu do armário

publicado em 24 de setembro de 2014 às 22:36

Paulo Metri:

O que Sérgio Buarque de Hollanda diria de uma socialista de direita?
Desinibição da direita


Hoje, a candidata Marina fala em mexer na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pois, segundo fonte da sua campanha, “estas garantias trabalhistas são um peso para o desenvolvimento”. O mais surpreendente é que ninguém fica ruborizado.

Quantos sindicalistas e políticos socialmente comprometidos lutaram para trazer ganhos para a classe trabalhadora, e que a direita quer ver anulados, agora, com raciocínios tendenciosos e sem debate?

Tudo isto com a roupagem da “nova política”, através de consultas diretas à população, depois da divulgação de teses mal explicadas e manipuladas pela mídia antidemocrática que temos. Acerca de qualquer assunto, esta só divulga a versão do capital. O brasileiro, com a catequese insistente e sem acesso a outra análise dos fatos, fica desinformado e pronto para votar mal em qualquer plebiscito.

Nos últimos oito anos, desde a descoberta do Pré-Sal, por interferência dos governos de plantão, não tinha eco a entrega desta gigantesca reserva por concessão a grupos estrangeiros, através da qual eles só pagam os royalties e ficam com a totalidade do petróleo e a maior parte do lucro.

Pois bem, nesta eleição, chega-se ao auge da sem-vergonhice petulante, ao se propor a entrega por concessão do Pré-Sal, respaldada, mais uma vez, por esta grande criadora de falsas “verdades”, a mídia. Também a Petrobras ser a operadora única do Pré-Sal, o que acarreta a maximização das compras locais, provavelmente terá seus dias contados se Marina ou Aécio ganhar a eleição.

No momento, a direita quer o poder a qualquer custo e, para tanto, não está medindo esforços. A sociedade que se defenda, porque as perdas serão incalculáveis.

Hoje, qualquer crápula, sabedor da impunidade, mesmo se defender os interesses estrangeiros e receitar a miséria aos seus compatriotas, age de forma desinibida. Então, advogam o tripé econômico e outras medidas, sem grandes explicações para a população.

O Brasil passa por um momento crucial, pois uma eleição é sempre definidora do futuro. Pode-se embarcar em um projeto de desenvolvimento com desconcentração de renda e riqueza, na mesma tendência dos últimos três governos, ou “liberalizar” tudo.

Esta palavra, que continha um valor tão positivo no início do século passado, significando a conquista de direitos políticos, foi enxovalhada pelo neoliberalismo e, hoje, significa propostas econômicas causadoras de enormes perdas sociais.

Assim, a direita “saiu do armário” e usa a sua mídia, a única a que a grande massa tem acesso, para atingir a seus objetivos.

Ninguém sabe ao certo qual o verdadeiro programa de governo de Marina, porque as versões dos seus programas têm prazo de validade curto. Além dos temas considerados nobres pelos evangélicos, como criminalização da homofobia e casamento gay, ela titubeia também em relação ao Pré-Sal, à reforma da CLT, ao agronegócio e outros tópicos.

Aliás, uma recomendação que pode ser feita, se você representa um grupo de interesse, cujas reivindicações foram negadas pela candidata, procure mostrar a ela quantos votos o grupo detém e, dependendo do seu valor eleitoral, ela mudará de opinião.

Tendo este modo de agir, ela deveria ter feito um plebiscito para definir seu programa, pelo menos para os itens para os quais os financiadores de campanha não exigem posições, pois ela parece não ter opinião formada sobre nada e adere sempre à posição que traz o maior número de votos.

Resta saber quais serão suas decisões, se eleita, uma vez que quem não tem escrúpulos para mudar frequentemente de opinião antes de eleita, por que os teria depois?

Com relação à independência do Banco Central, ao papel dos bancos públicos e à revisão da lei da Anistia, Marina não titubeou em instante algum, apesar de estar totalmente errada. Com isto ganhou como aliados os novos e os antigos torturadores da população, pois o capital financeiro privado, nacional ou internacional, nada mais é que o novo causador de sofrimento ao povo com técnicas bem mais sutis que as da ditadura.

Marina pertenceu, na maior parte da sua vida política, a um partido que sempre pregou teses opostas às suas atuais. Por exemplo, o PT nunca pregou a autonomia do Banco Central, como tese partidária, e ela nunca reclamou durante os 24 anos em que lá esteve.

Antes que seus adeptos fanáticos digam que nomear Henrique Meirelles significou dar a maior autonomia possível a este banco, lembro que ele era demissível a qualquer momento e ninguém nunca viu Henrique Meirelles indemissível no Banco Central. Esta impossibilidade de demissão da diretoria do banco pelo presidente da República é o que Marina quer fazer.

Existe o ditado popular cheio de sabedoria: “diz-me com quem andas e eu te direi quem és!”. Baseado neste conceito, o que dizer de Marina, sabendo que ela anda com André Lara Rezende, Eduardo Giannetti, Mauricio Rands, Neca e Roberto Setubal, Pedro Moreira Salles, Guilherme Leal, Beto Albuquerque, João Paulo Capobianco, Silas Malafaia, a família Brenninkmeyer (dona da C&A), a ONG Greenpeace, a ONG World Wildlife Fund, a família real inglesa e círculos oficiais e financeiros estadunidenses? Concluo que ela é neoliberal, conservadora e entreguista.

Marina tem passagem livre em organizações internacionais com objetivos no mínimo questionáveis, como o Diálogo Interamericano. A sua participação em entidades internacionais com supostos propósitos ambientais e supranacionais lhe valeu a emblemática participação na abertura dos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres, sem o conhecimento prévio do convite pelo governo brasileiro.

Assim, ela foi uma das oito personalidades mundiais que entraram no Estádio Olímpico na cerimônia de abertura. Sobre este ocorrido, o ministro do Esporte Aldo Rabelo disse: “Marina sempre teve boa relação com as casas reais da Europa e com a aristocracia européia. Não podemos determinar quem a Casa Real vai convidar, fazer o que?”.

Gostaria de saber o que pensariam, das teses de Marina Silva, João Mangabeira, Hermes Lima, Rubem Braga, José Lins do Rego, Antônio Cândido, Joel Silveira, Mário Apolinário dos Santos, Hélio Pellegrino, Sérgio Buarque de Hollanda, Evandro Lins e Silva, Antônio Houaiss, José Joffily, Evaristo de Morais Filho, Paul Singer, Jamil Haddad, Saturnino Braga, Adalgisa Nery e Francisco Julião, dentre tantos outros nomes históricos do Partido Socialista Brasileiro.

Por sorte, Saturnino Braga está vivo e analisa, não só o voto em Marina, como também o voto nesta eleição, em artigo disponível na internet no “Correio Saturnino 311”. Contudo, esta não é a primeira vez, na história brasileira, que enxovalham um partido.

Marina representa, assim como Aécio, a submissão aos interesses do grande capital, inclusive o internacional, em detrimento dos interesses do povo. A arquitetura política da direita, para esta eleição, foi maquiavelicamente elaborada, pois os dois candidatos a satisfazem, duplicando sua chance de sair vitoriosa, e com um único perdedor, a sociedade.

Porém, estão errados os que pensam que a população, apesar da mídia vendida, não capta posturas, incoerências e desvios éticos dos candidatos. Ela presta atenção não só às falas proferidas, como intui também o que está por trás das mesmas. O vai-e-vem da candidata Marina em seu pensamento político demonstra um desejo enorme de ir rapidamente ao pote para saciar sua sede de poder.

Assim, confio no discernimento popular e no seu aprendizado político adquirido nos últimos anos. Ganhando Dilma, resta ao PT fazer uma autoanálise para saber o porquê de ter gerado tanto ressentimento em certas camadas da sociedade, retiradas aquelas que são motivadas pela perda da exploração sobre outras classes.

Texto original: VIOMUNDO

domingo, 21 de setembro de 2014

Colaborador do PT morto por ódio ao partido era cantor de músicas com mensagens de paz e esperança

Hiago Augusto Jatoba de Camargo que foi assassinado em Curitiba por causa do discurso de ódio contra o PT e contra a política, ao estar atuando na campanha da candidata ao governo do Paraná, Gleisi Hoffmann (PT), e na campanha de reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT), era cantor e seu nome artístico era Hiago 100 Caos, e tinha várias músicas gravadas (clique aqui).

Atuava na banda Família 100 Caos e cantava músicas pela paz e esperança e era religioso.

Tinha acabado de lançar suas músicas, veja aqui. Veja os vídeos da banda aqui. Veja o site da banda.

Uma das últimas coisas que ele escreveu no seu Facebook:

“lamentável a juventude
toda se perdendo os irmão tudo morrendo
e ninguém faz nada.”

Vai com paz Hiago!

Me parece que é nossa obrigação fazer uma manifestação pelo fim do ódio contra a política e contra o PT.


O militante da campanha de Gleisi Hoffmann (PT) ao governo do estado do Paraná, que também fazia campanha para a presidenta Dilma Housseff (PT), foi assassinado com uma facada na Praça da Ucrânia, em Curitiba, onde há uma Feira Noturna frequentada pela classe-média e alta da cidade, no Bigorrilho (Champagnat).

O jovem que sofreu o homicídio era responsável por cavaletes das candidatas e um homem, possivelmente com um grupo, iniciou discussão com o menino e deferiu um golpe de faca contra ele.

O assassino tem barba ruiva e vestia camiseta de time de futebol, e já vinha causando problemas na região.

No Blog do Tarso

Texto original: CONTEXTO LIVRE

sábado, 20 de setembro de 2014

FHC quer Aécio como linha auxiliar de Marina

Depois de ter acusado Luciana Genro de ser linha auxiliar do PT, quem ficou a meio caminho de se tornar linha auxiliar de alguém é o próprio Aécio.

Antonio Lassance
Há um racha no PSDB sobre a estratégia de campanha.

Aécio acha que deve continuar atacando Marina. Menos do que fará contra Dilma, mas, ainda assim, está convicto de que precisa criticar Marina - por uma razão óbvia e ululante: ela é sua principal adversária quanto ao objetivo de ir para um segundo turno.

FHC e o tucanato paulista insistem na mesma tecla que vêm batendo desde a morte de Eduardo Campos: preservar Marina para facilitar a aproximação com o PSDB.

O problema foi que, na semana seguinte à morte de Campos, quando Marina foi proclamada candidata pelo PSB, o candidato tucano seguiu exatamente a recomendação de FHC, de José Serra e "tutti quanti": fingiu que Marina não existia e continuou mirando apenas em Dilma.

O resultado foi catastrófico. Aécio começou a ser "cristianizado" (abandonado pelos eleitores e por aliados, conforme antecipamos em artigo aqui na Carta Maior).

O tucano despencou nas intenções de voto e correu o risco de protagonizar a pior campanha do PSDB desde 1989.

Arriscou passar pelo vexame de ficar em terceiro até mesmo em Minas Gerais. Em seu ouvido martelaram o avesso do slogan brizolista: "quem conhece o Aécio não vota no Aécio".

A reação veio em seguida. Aécio percebeu que, se não batesse em Marina, não se recuperaria. Deu certo.

Da experiência, aprendeu que, não só para FHC, como para toda a ala majoritária do PSDB - a paulista -, ele, Aécio, não passa de um detalhe, um pouco maior ou um pouco menor.

Para o PSDB paulista, quanto mais dócil ele estiver, mais tranquila será a negociação com Marina.

Quanto menor Aécio estiver em um primeiro turno, menos peso ele terá na barganha do segundo turno. Maior importância terá a pauliceia desvairada.

Quanto menor ele ficar em 2014, mais remota será sua chance de rivalizar com Alckmin em 2018, na escolha do candidato preferencial do PSDB.

Enfim, o que o atual candidato tucano percebe é que, para quem manda no PSDB, quanto menos Aécio, melhor.

Tomando duas referências históricas do PMDB que o candidato bem conhece, veremos se Aécio tem mais vocação para o Tancredo de 1984, que uniu o partido em torno de seu nome, ou para o Ulisses de 1989, abandonado pelos próprios correligionários em pleno primeiro turno.

Quem diria? Depois de ter acusado a candidata Luciana Genro (PSOL) de ser "linha auxiliar" do PT ("uma ova", respondeu Genro, na lata), quem ficou a meio caminho de se tornar linha auxiliar de alguém é o próprio Aécio.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

Texto original: CARTA MAIOR

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Marina, a candidata da mudança

Não restam dúvidas que Marina é a candidata da mudança. Ela muda sem parar. Essa é sua chamada Nova Política, uma mudança nova a cada dia.

Gustavo Castanon (*)

No velório de Eduardo Campos
Há um sentimento de mudança no ar. 12 anos de governo do PT desgastaram o partido na opinião pública. É natural. As contradições inevitáveis do exercício do poder, a relação com um congresso fisiológico, os interesses contrariados, os acordos inerentes à democracia, os escândalos. É mesmo surpreendente que chegue ao cabo desse período ainda como o partido de um quarto dos brasileiros e tendo o voto de metade deles.

Nesse cenário, surge a candidatura de Marina Silva, que encarna, sem sombra de dúvidas, a mudança, como provarei com os links abaixo. A começar pela mudança do cenário eleitoral. Depois de um suspeito desastre de avião (que alguns acreditam se tratar de um assassinato), Marina assumiu o lugar de Eduardo Campos como a candidata do PSB à presidência.

O compromisso de Marina com a mudança não é recente. Ele já se deixava sentir quando ela mudou de religião há poucos anos, abandonando o catolicismo de opção pelos pobres e abraçando o fundamentalismo da Assembleia de Deus, que tem entre seus quadros Silas Malafaia e Marcos Feliciano, e acredita que discursos inflamados e emissões vocais desordenadas são manifestações do próprio Espírito de Deus.

Depois Marina mais uma vez mudou quando saiu do PT por ter sido preterida na disputa interna do partido pela candidatura à presidência. Desde então ela iniciou um processo de mudança de crenças políticas que a tornou uma opção para os grandes meios de comunicação, os bancos e a classe média alta.

Primeiro mudou-se para o PV, ganhou apoio do Itaú, finalmente concorreu à presidência, perdeu, mas não desanimou. Tentou mudar o então partido assumindo-lhe o controle, mas como não conseguiu, mudou de novo e tentou criar a Rede. Também não conseguiu apoio suficiente para criar um novo partido,e então mudou-se, de novo, para o PSB. A ecologista aproveitou a mudança e mudou-se para um apartamento em São Paulo de um fazendeiro do DEM.

Num golpe de sorte, mudou de ideia na última hora e não embarcou com Eduardo no jato que o matou. Logo depois da tragédia, Marina mudou do papel de vice para o de viúva, declarando ter sido consolada da morte de Campos pela própria esposa dele. Com a má repercussão da declaração, ela mudou de postura e apareceu sorridente em seu velório posando para fotos ao lado de seu caixão.

E a mudança não parou mais. Mudou o CNPJ da campanha para não ser responsabilizada pelas irregularidades do jato fantasma de sua campanha nem indenizar as famílias atingidas pela tragédia. A pacifista mudou seu compromisso da “Rede” que proibia os candidatos pela legenda de receber doações de indústrias de agrotóxicos, de armas e de bebidas, e compôs chapa com o deputado federal Beto Albuquerque, político integrante da “bancada da bala”, financiada pela indústria bélica. Ele também é financiado por fabricantes de bebidas e agrotóxicos.

E mais mudança veio com um programa de governo que contrariava toda a sua história. Prometeu ao Brasil a volta da gestão econômica do PSDB. Mudou sua posição contrária à independência do Banco Central para garantir o apoio dos bancos brasileiros. Mais do que isso, prometeu mudar a legislação trabalhista promovendo a terceirização em massa, e prometeu acabar com a obrigatoriedade de função social de parte do crédito bancário, enterrando o crédito imobiliário. Mas isso não era mudança suficiente. Depois de quatro twittes ameaçadores de Silas Malafaia mudou a mudança do programa e se declarou contra o casamento gay.

Depois de um editorial do Globo, também mudou a sua posição sobre o pré-sal, que prometera abandonar, e depois, mudou a posição sobre a energia nuclear. Depois de uma vida de batalha contra os transgênicos, Marina, pressionada pelo agronegócio, também mudou e abandonou seus compromissos ecológicos.

Mudou também sobre a transparência política. O ministro Palocci caiu por não revelar os nomes das empresas que contrataram seus serviços antes do governo. Mas ela hoje, candidata, se nega a dizer a origem de 1.6 milhões de seus rendimentos, e declarou um patrimônio de somente 135 mil reais ao TSE. Uma senadora da República.

Finalmente, há três dias Marina mudou sua opinião sobre a tortura, que antes considerava crime imprescritível, e passou a ser contrária a revisão da lei de anistia. Ontem, ganhou o apoio do Clube Militar. Marina muda tanto que acabou por declarar seu programa de governo todo em processo de revisão. Isso é realmente novo na política. Ela é a primeira candidata da história do Brasil que descumpre seu programa de governo antes de chegar ao poder.

Por tudo isso, não restam dúvidas que Marina é a candidata da mudança. Ela muda sem parar. Essa é sua “Nova Política”, uma mudança nova a cada dia. Não é possível acompanhar a labilidade de seu caráter ou de sua mente. Ou ela mente. Não importa. O que importa é que Marina representa a mudança, a mudança de um Brasil aberto e tolerante para um Brasil refém da intolerância fundamentalista, de um Brasil voltado para sanar a dívida com seu povo humilde para um Brasil escravo de seus bancos, de um Brasil democrático para um Brasil mergulhado em crise institucional.

Por isso eu mudei também. Entrego essa semana meu pedido de desfiliação do PSB e cerro fileiras contra essa terrível mudança que ameaça nosso país. Não é possível submeter o Brasil a essa catástrofe. Marina Silva é uma alma em liquidação. Qualquer um pode exigir que ela mude uma posição por um punhado de votos. Mas aproveitem logo. Essa promoção é por tempo limitado.

(*) Gustavo Arja Castañon é doutor em psicologia e professor de filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Colabora com o “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Non abbiate paura“.

Texto original: CARTA MAIOR

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Artistas e intelectuais com a Dilma

De forma similar ao ato de 2010, artistas e intelectuais se reunirão com Dilma, com a presença de Lula, no Teatro Casa Grande, no Rio, no dia 15 de setembro.

por Emir Sader em 09/09/2014 às 11:34

De forma similar ao ato de 2010, artistas e intelectuais se reunirão com a Dilma – desta vez também com a presença do Lula – no Teatro Casa Grande, no Rio, no dia 15 de setembro, às 19 horas. O ato contará com a participação de grande e expressivo numero de artistas e intelectuais, entre eles também cientistas, representantes de movimentos religiosos e de movimentos sociais.

Circula um abaixo assinado de apoio à Dilma, com o seguinte texto:

A PRIMAVERA DOS DIREITOS DE TODOS: GANHAR PARA AVANÇAR

"Os brasileiros decidem agora se o caminho em que o país está desde 2003 é positivo e deve ser mantido, melhorado e aprofundado, ou se devemos voltar ao Brasil de antes - o do desemprego, da entrega, da pobreza e da humilhação.

Nós consideramos que nunca o Brasil havia vivido um processo tão profundo e prolongado de mudança e de justiça social, reconhecendo e assegurando os direitos daqueles que sempre foram abandonados. Consideramos que é essencial assegurar as transformações que ocorreram e ocorrem no país, e que devem ser consolidadas e aprofundadas. So’ assim o Brasil será de verdade um país internacionalmente soberano, menos injusto, menos desigual, mais solidario.

Abandonar esse caminho para retomar formulas econômicas que protegem os privilegiados de sempre seria um enorme retrocesso. O brasileiro já pagou um preço demasiado para beneficiar os especuladores e os gananciosos. Não se pode admitir voltar atrás e eliminar os programas sociais, tirar do Estado sua responsabilidade básica e fundamental.

O Brasil precisa, sim, de mudanças, como as próprias manifestações de rua do ano passado revelaram. Precisa, sem duvida, reformular as suas políticas de segurança publica e de mobilidade urbana. Precisa aprofundas as transformações na educação e na saúde públicas, na agricultura, consolidando com ousadia as politicas de cultura, meio ambiente, ciencia e tecnologia, e combatendo, sem tregua, todas as discriminações.

O Brasil precisa urgentemente de uma reforma política. Mas precisa mudar avançando e não recuando. Necessita fortalecer e não enfraquecer o combate às desigualdades. O caminho iniciado por Lula e continuado por Dilma é o da primavera de todos os brasileiros. Por isso apoiamos Dilma Rousseff.”

O abaixo assinado já está assinado por grande quantidade de artistas e intelectuais, entre eles os que confirmaram – conforme lista abaixo – sua participação no ato de 15 de setembro e outros que, impossibilitados de participar, se somam pela assinatura do documento como, entre tantos outros, Luis Fernando Verissimo, Paulo Jose, Frei Beto, Flavio Aguiar.

Está confirmada a participação no ato de personalidades como Leonardo Boff, Marilena Chaui, Maria Conceição Tavares, Beth Carvalho, Fernando Morais, Alcione, Chico Cesar, Teresa Cristina, Wagner Tiso, Silviano Santiago, Luis Pinguelli, João Pedro Stedile, Emir Sader, Ivana Bentes, Hugo Carvana, Juca Ferreira, Eric Nepomuceno, Chico Diaz, Silvia Buarque, Osmar Prado, Vera Niemeyer, Noca da Portela, Monarco, Nelson Sargento, Sergio Ricardo, Cecilia Boal, Claude Troigross, Paulo Lins, Oto Ferreira, Dudu Falcao, Samuel Pinheiro Guimarães, Sergio Ricardo, Luis Nassif, Benvindo Siqueira, Amir Hadad, Sergio Mamberti, Candido de Oliveira, Beth Mendes, Angela Vieira, Miguel Paiva, Tonico Pereira, Zezé Motta, Rildo Hora, Isabel Lustosa, Julita Lengruber, Caique Botkay, entre tantos outros.

Em 2010 o ato teve um significado político e simbólico muito forte, marcando a caminhada final de Dilma Rousseff para a vitória. Este ano o ato deve ter um significado similar, com a Dilma, o Lula, o Leonardo Boff e milhares de artistas e intelectuais.

Texto original: CARTA MAIOR


domingo, 7 de setembro de 2014

Tudo sugere ação da CIA e assassinato de candidato à presidência, no Brasil

Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Marina Silva e Eduardo Campos
A queda do avião que matou o candidato à presidência do Brasil, Eduardo Campos, que estava em segundo, na disputa eleitoral, atrás só da atual presidenta, abalou fortemente as chances de reeleição de Dilma Rousseff. Sucessora de Campos na corrida presidencial, ex-líder do Partido Verde, Marina Silva – “homem” de George Soros, está agora com alguma chance de vir a derrotar Rousseff, no caso de a eleição chegar a um segundo turno. O fim do governo de Rousseff sinalizaria vitória para as atividades clandestinas do governo Obama para eliminar de cena vários governos progressistas em toda a América Latina.

Revisão do período pós-IIª Guerra Mundial revela que, de todos os meios que os serviços de inteligência usaram para eliminar pessoas que viam como ameaças econômicas e políticas, o assassinato por derrubada de avião está em segundo lugar; antes, só assassinatos por armas de fogo; depois, vêm acidentes de automóvel e envenenamento, como modus operandi preferencial da Agência Central de Inteligência dos EUA, CIA, para seus assassinatos políticos.

Os seguintes casos são os principais sobre os quais pesam muitas suspeitas de terem sido resultado de ação de uma ou mais agências de inteligência dos EUA, para pôr fim a carreiras políticas que ameaçavam o avanço dos EUA como potência imperial:

●– a morte do secretário-geral da ONU Dag Hammarskjold;
●– do presidente de Ruanda Juvenal Habyarimana;
●– do presidente do Burundi Cyprien Ntaryamira;
●– do primeiro-ministro português Francisco Sá Carneiro;
●– do presidente do Paquistão Muhammad Zia Ul-Haq;
●– de Sanjay Gandhi, pouco antes de ser oficializado no posto de primeiro-ministro da Índia;
●– do presidente do Sindicato Norte-Americano Unido dos Trabalhadores da Indústria Automobilística, Walter Reuther;
●– do ex-senador pelo Texas John Tower; e
●– do senador por Minnesota Paul Wellstone.

A América Latina, em particular, tem sido atacada pela praga de desastres de aviões que mataram líderes que ameaçavam afastar o continente da influência política dos EUA: os presidentes Jaime Roldós Aguilera do Equador e Omar Torrijos do Panamá. Esses dois presidentes morreram em 1981; Roldós morreu apenas uns poucos meses antes de Torrijos. John Perkins, autor de Confissões de um Assassino Econômico e ex-membro da comunidade de inteligência dos EUA, apontou os EUA como ativos nesses dois assassinatos por derrubada de avião.

Jaime Roldós Aguilera do Equador e o avião...
Esse histórico do envolvimento dos EUA e assassinatos aéreos torna ainda mais suspeito o que aconteceu dia 13 de agosto de 2014 com o Cessna 560XLS Citation em Santos, Brasil, incidente no qual morreram Eduardo Campos, do Partido Socialista Brasileiro, mas homem pró-business, assessores seus e a tripulação do avião. O momento em que aconteceu, em plena campanha eleitoral, que então indicava vitória fácil para a atual presidenta, levantou questões significativas entre investigadores no Brasil e no público em geral.

Desde a introdução do modelo em 1996, o modelo Cessna 560XLS Citation mantém currículo de aeronave perfeitamente segura. A morte repentina de Campos mudou o rumo da campanha presidencial no Brasil, para uma direção que pode ser benéfica para os EUA e a agenda de longo curso da CIA na América Latina.

Até aqui, já surgiram questões sobre a legalidade da documentação e da propriedade da aeronave (prefixo PR-AFA). O histórico da propriedade e dos registros da aeronave é extremamente “anormal”; e, além disso, não há nenhuma gravação de conversas acontecidas na cabine, aparentemente por mau funcionamento do gravador de vozes da cabina. Muitos brasileiros já começam a perguntar se o avião teria sido sabotado: em vez de mostrar gravações da conversa da tripulação que levava o candidato Campos, o gravador só conservou gravações de voz de um voo anterior. O avião voava uma rota Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, para a cidade de Guarujá, no estado de São Paulo, quando caiu sobre um quarteirão residencial na cidade de Santos.

O avião de Eduardo Campos
O avião era operado pela empresa Af Andrade Empreendimentos & Participações Ltda., que tem sede em Ribeirão Preto, estado de São Paulo, mas cedido, em operação de leasing, pela Cessna Finance Export Corporation, uma divisão da Textron, dos maiores fornecedores para o Departamento de Defesa dos EUA. A empresa Cessna é divisão da Textron. O gravador de vozes que não funcionou na cabine foi fabricado por outro fornecedor contratado da Defesa e Inteligência dos EUA, L-3 Communications. Os negócios da AF Andrade são centrados na propriedade de uma destilaria. Porta-voz da AF Andrade disse que a aeronave, de US$ 9 milhões, não havia passado por qualquer inspeção recente, mas assegurou que a manutenção era feita regularmente.

O porta-voz da AF Andrade não soube especificar quem é, afinal, o proprietário da aeronave, só falou do leasing; disse que a aeronave estivera à venda e fora comprada por um grupo de “empresários e importadores” de Pernambuco, estado do qual Campos foi governador.

Acabou-se por descobrir que o avião fora comprado por um consórcio que incluía Bandeirantes de Pneus Ltda de Pernambuco. Essa empresa disse que havia negociações em andamento para transferir a propriedade do avião, quando aconteceu o acidente; e que a Cessna Finance Export Corporation ainda não aprovara os direitos finais de leasing. Observadores brasileiros creem que o Cessna sinistrado seria um “avião fantasma”, com propriedade “confusa”, precisamente para ser usado em operações clandestinas que envolveriam a CIA. Aviões cuja situação de propriedade e dos documentos de registro era também quase inextrincável eram usados pela CIA no processo de “entregas especiais” de muçulmanos sequestrados para serem interrogados e “desaparecidos” nos “pontos negros” de prisões norte-americanas por todo o mundo. 

A Comissão Nacional de Segurança de Transportes dos EUA [orig. U.S. National Transportation Safety Board (NTSB)] enviou uma equipe ao Brasil para investigar a queda do avião. Mas, se o trabalho da NTSB em acidentes como dos voos voos TWA 800 e American Airlines 587 indica alguma coisa, a agência só tem fama por encobrir ações criminosas.

Presidentes dos BRICS - Julho de 2014
Campos foi substituído na chapa eleitoral por Marina Silva, do movimento financiado e dirigido por George Soros e suas “sociedade civil” e “globalização”. Silva, que milita no movimento religioso pentecostal “Assembleia de Deus”, é militante pró-Israel e muito mais pró-business e pró-EUA que Rousseff, do Partido dos Trabalhadores do Brasil que se posiciona bem à esquerda da Assembleia de Deus. Recentemente, Rousseff, com os demais presidentes dos países BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul) criaram um novo banco de desenvolvimento que desafia a supremacia do Banco Mundial, controlado pelos EUA. A criação desse banco enfureceu Washington e Wall Street. (...)

Pesquisas recentes têm apontado avanço de Marina Silva. Evidentemente, essas pesquisas de “intenção de voto” nada têm nem de científicas nem de independentes, e são ferramentas que as agências de inteligência e as empresas comerciais sempre usam para influenciar a opinião pública e gerar “programação preditiva” em populações inteiras. (...)

Marina Silva está sendo apresentada como candidata da “Terceira Via” (chamada, agora, em 2014, “Nova Política”) no Brasil.

“Terceira Via”/”Nova Política” é movimento internacional que tem sido usado por políticos associados a grandes empresas, muitos dos quais financiados por Soros, para infiltrar-se e assumir o controle de partidos historicamente trabalhistas, socialistas e progressistas. Alguns dos nomes mais notáveis da “Terceira Via” são Bill Clinton; Tony Blair; Gerhard Schroeder, da Alemanha; Justin Trudeau, do Canadá; presidente François Hollande, da França; primeiro-ministro francês, Manuel Valls; primeiro-ministro, Matteo Renzi e ex-primeiro-ministro Romeo Prodi da Itália; José Sócrates, de Portugal; Ehud Barak, de Israel; e inúmeros nomes do Partido Verde (PV), do Partido Socialista (PSB) e do Partido da Social-Democracia no Brasil (PSDB), dentre os quais Marina Silva, Aécio Neves, o falecido Eduardo Campos e o ex-presidente [e atual NADA] Fernando Henrique Cardoso.

George Soros criador da "Terceira Via/"Nova Política"
Mas, quando se mostra mais vantajoso do ponto de vista eleitoral assassinar um “Novo Político” para promover o avanço de outro, não parece haver problema algum nessa “Nova Política”, em eliminar alguém como Campos, para fazer avançar político mais populista (e mais controlável), como Marina Silva, sobretudo se estão em jogo interesses de Israel e de Wall Street.

O Cessna no qual viajava e no qual morreu o primeiro-ministro de Portugal Sá Carneiro voava para um comício eleitoral, em campanha de reeleição, no Porto. Esse desastre de avião destruiu as possibilidades futuras de uma Aliança Democrática de esquerda, porque os seguidores de Sá Carneiro que o sucederam não tinham, nem de perto, o carisma do primeiro candidato.

Na sequência, um Mario Soares pró-OTAN e “socialista-só-no-nome” tornou-se primeiro-ministro e empurrou Portugal pela tal “Terceira Via”, subserviente à União Europeia e à globalização. À época da morte de Sá Carneiro, o embaixador dos EUA em Portugal era Frank Carlucci, funcionário da CIA, cujas impressões digitais foram encontradas, em 1961, no assassinato do ex-primeiro-ministro Patrice Lumumba no Congo. No governo Reagan, Carlucci foi nomeado vice-diretor da CIA, Conselheiro de Segurança Nacional e Secretário da Defesa. Carlucci é também presidente emérito do Carlyle Group, conhecido pelas ligações com a CIA.

A suspeita morte de Campos no Brasil-2014 parece ser cópia-carbono do assassinato e descarte rápido de Sá Carneiro, com Rousseff como alvo final da ação e Marina Silva e seus financiadores globais como principais beneficiários.

[*] Wayne Madsen é jornalista investigativo, autor e colunista. Tem cerca de vinte anos de experiência em questões de segurança. Como oficial da ativa projetou um dos primeiros programas de segurança de computadores para a Marinha dos EUA. Tem sido comentarista frequente da política de segurança nacional na Fox News e também nas redes ABC, NBC, CBS, PBS, CNN, BBC, Al Jazeera, Strategic Culture e MS-NBC. Foi convidado a depor como testemunha perante a Câmara dos Deputados dos EUA, o Tribunal Penal da ONU para Ruanda, e num painel de investigação de terrorismo do governo francês. É membro da Sociedade de Jornalistas Profissionais (SPJ) e do National Press Club. Reside em Washington, DC.


Texto replicado deste endereço: redecastorphoto

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O “oscila para baixo” de Alckmin na Folha


Cair? Como assim?

Folha crava: Alckmin “oscila para baixo”

Por Altamiro Borges, em seu blog


A mídia paulista faz de tudo para blindar o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ela inclusive “tucana” as palavras e frases. Nesta terça-feira (2), o Ibope divulgou pesquisa que aponta uma queda de três pontos nas intenções de voto do atual ocupante do Palácio dos Bandeirantes – de 50% para 47%.

Os jornalões evitaram fazer alarde sobre a retração, que não mereceu manchetes ou comentários críticos dos “calunistas”. No caso da Folha, a cobertura foi cômica. O jornal cravou no título da notinha: “Alckmin oscila para baixo”. Ele não caiu, mas “oscilou para baixo”. Patético!

Segundo o diário chapa-branca, que ganha fortunas com anúncios oficiais e assinaturas, a “oscilação negativa de Geraldo Alckmin” não ameaça a sua reeleição. O Ibope apontou que Paulo Skaf (PMDB) subiu de 20% para 23% e que Alexandre Padilha (PT) cresceu de 5% para 7%. Mas a Folha fez questão de realçar: “O resultado, porém, ainda indica vitória do tucano no primeiro turno”.

Nem mesmo a pesquisa do Datafolha, do mesmo grupo empresarial, mereceu uma análise mais ponderada do jornal da famiglia Frias, que virou um palanque eleitoral dos tucanos em São Paulo.

Divulgada nesta quinta-feira (4), a sondagem do Datafolha também confirmou que o governador “oscilou dois pontos para baixo”. Já Paulo Skaf subiu seis pontos (de 16% para 22%) e Alexandre Padilha cresceu de 5% para 7%. Ambas as pesquisas devem ser lidas com muita cautela.

Os dois institutos têm sólidas ligações com a direita paulista – não é para menos que o Ibope já foi apelidado de Globope pelo blogueiro Paulo Henrique Amorim e que o Datafolha também é chamado de Datafalha. Não seria de estranhar que eles estivessem segurando a queda do tucano.

Feita a ressalva, vale observar que ambas as sondagens confirmaram a tal “oscilação para baixo” de Geraldo Alckmin, o que indica que a eleição em São Paulo também está indefinida. A mídia tucana faz máximo esforço para proteger o atual governador.

A dramática crise de abastecimento de água na região metropolitana sumiu das páginas dos jornais e das coberturas da televisão.

A grave crise de segurança no Estado saiu da pauta dos âncoras sensacionalistas que lotam as emissoras de tevê e rádio. A corrupção do alto tucanato – presente nos escândalos do “trensalão” ou dos pedágios – também sumiu. A mídia esconde, mas a população sente o caos tucano. A tendência é que esse desastre se reflita nas eleições!

Texto original: VIOMUNDO

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Líder da Rede no Pará retira apoio à Marina

Charles Alcântara critica a adesão da presidenciável à teses neoliberais e lembra que nos anos Fernando Henrique Cardoso os juros eram muito mais altos.

Najla Passos

Brasília - Se a comoção nacional com a morte prematura de Eduardo Campos fez com que Marina Silva deslanchasse nas pesquisas de intenções de voto, as escolhas políticas que a nova candidata do PSB vem fazendo afastam cada vez mais seus companheiros de trajetória política. A última baixa, bastante significativa, foi a do líder coordenador da sua Rede Sustentabilidade no Pará, Charles Alcântara, que retirou o apoio a sua candidatura.
“Não vou acompanhá-la porque considero uma fraude a pregação de que todos os interesses e todas as forças políticas podem ser conciliados sem conflitos e sem escolhas que desatendam e contrariem os que sempre se beneficiaram da desigualdade em favor dos que sempre foram as vítimas dessa mesma desigualdade.”, desabafou ele na sua página no Facebook.

Com críticas contundentes aos novos caminhos escolhidos pela ex-companheira, Alcântara avalia que, desde que se tornou presidenciável, “as declarações mais explícitas e compreensíveis de Marina Silva foram em direção aos mercados, em especial o financeiro”.

“Os que vivem da especulação financeira e que faturam bilhões com a dívida pública brasileira estão eufóricos com as declarações de Marina, reveladoras de uma crença quase religiosa nos fundamentos mais caros ao velho receituário neoliberal, fundamentos estes que colocam no centro das preocupações e da ação estatal os interesses do mercado e na periferia os interesses da sociedade brasileira, com o cínico argumento de que esses interesses são convergentes - e, mais ainda - que os interesses da sociedade tendem a ser satisfeitos se o mercado estiver satisfeito”, alega.

Auditor fiscal da Receita Federal e diretor da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), ele sabe muito bem que a defesa de Marina da autonomia do Banco Central e da obediência cega ao tripé macroeconômico neoliberal trará prejuízos imensos para os trabalhadores do país: menos recursos públicos para as áreas sociais, arrocho salarial e ameaça de mais desemprego.

“Institucionalização da autonomia do banco central e obediência incondicional ao tripé macroeconômico neoliberal são os compromissos mais enfáticos que Marina oferece aos brasileiros para acabar com a velha política e para mudar o Brasil. Se não em nome de uma nova política (até porque se trata da velha solução neoliberal), mas ao menos em razão das virtudes próprias de sua formação religiosa, Marina tinha e tem o dever de dizer ao povo brasileiro as prováveis consequências de seu programa econômico.”, afirma.

Para Alcântara, o modelo econômico escolhido pela candidata aprofunda os problemas econômicos que o Brasil enfrenta. “Marina dá sinais de conversão ao fundamentalismo neoliberal como sinônimo de desenvolvimento, estabilidade econômica e inflação baixa, como se os índices inflacionários pudessem ser combatidos com a mera alta dos juros; como se a inflação no último período do governo de FHC - de fidelidade canina à sacrossanta fórmula neoliberal - não tenha sido ainda maior que a verificada nos dias atuais; como se o maior e mais indecente gasto público não fosse exatamente o pagamento de juros da dívida pública”. 

Confira o comentário na íntegra, originalmente publicado no blog paraense As falas da pólis:

Há virtudes no velho, como há vícios no novo.

Imerso em minhas reflexões sobre a conjuntura político-eleitoral, decidi agora abandonar o recesso que me impus desde o meu afastamento da coordenação nacional da Rede, que se deu quando esta embarcou provisoriamente no PSB.

Também fui - e ainda estou - tocado pela ideia de que o exercício da política precisa ser radicalmente mais democrático e de que os partidos políticos, tal como funcionam, tomam suas decisões e disputam o poder, precisam reinventar-se porque se tornaram instituições anacrônicas e voltadas para si mesmas.

Somado a isso, fui atraído pelo magnetismo de um novo (chamemos assim) campo político sob a liderança de Marina Silva, a quem admiro e respeito por sua história e trajetória e também por atributos que andam em falta na seara política.

Levado pelo sopro inspirador de Marina e pela concordância quanto à saturação e inutilidade para o Brasil da polarização entre PT e PSDB, inclinei-me a apoiar Eduardo Campos - malgrado minhas críticas em relação à aliança PSB/Rede - quando veio o fatídico acontecimento que lhe ceifou a vida.

Até o presente momento, desde que se tornou candidata presidencial, as declarações mais explícitas e compreensíveis de Marina Silva foram em direção aos mercados, em especial o financeiro. Os que vivem da especulação financeira e que faturam bilhões com a dívida pública brasileira estão eufóricos com as declarações de Marina, reveladoras de uma crença quase religiosa nos fundamentos mais caros ao velho receituário neoliberal, fundamentos estes que colocam no centro das preocupações e da ação estatal os interesses do mercado e na periferia os interesses da sociedade brasileira, com o cínico argumento de que esses interesses são convergentes - e, mais ainda - que os interesses da sociedade tendem a ser satisfeitos se o mercado estiver satisfeito.

Institucionalização da autonomia do banco central e obediência incondicional ao tripé macroeconômico neoliberal são os compromissos mais enfáticos que Marina oferece aos brasileiros para acabar com a velha política e para mudar o Brasil.

Se não em nome de uma nova política (até porque se trata da velha solução neoliberal), mas ao menos em razão das virtudes próprias de sua formação religiosa, Marina tinha e tem o dever de dizer ao povo brasileiro as prováveis consequências de seu programa econômico.

Marina dá sinais de conversão ao fundamentalismo neoliberal como sinônimo de desenvolvimento, estabilidade econômica e inflação baixa, como se os índices inflacionários pudessem ser combatidos com a mera alta dos juros; como se a inflação no último período do governo de FHC - de fidelidade canina à sacrossanta fórmula neoliberal - não tenha sido ainda maior que a verificada nos dias atuais; como se o maior e mais indecente gasto público não fosse exatamente o pagamento de juros da dívida pública.

Pouco importa para os agentes de mercado os custos sociais do tal tripé macroeconômico: menos recursos públicos para as áreas sociais; arrocho salarial e ameaça de mais desemprego.

O tal tripé macroeconômico é uma boa maneira de manter os lucros do mercado financeiro de pé e o Brasil socialmente manco.

Não, Marina, não posso acompanhá-la nessa jornada, apesar que querê-la bem; apesar de admirá-la; apesar de considerá-la uma pessoa de bem e de bons propósitos.

Não posso acompanhá-la, porque o faria por mera crença nos seus bons propósitos e no seu carisma pessoal e porque isto é absolutamente insuficiente para considerá-la a melhor alternativa para o Brasil, principalmente depois do caminho que escolheste trilhar.

Não vou acompanhá-la porque considero uma fraude a pregação de que todos os interesses e todas as forças políticas podem ser conciliados sem conflitos e sem escolhas que desatendam e contrariem os que sempre se beneficiaram da desigualdade em favor dos que sempre foram as vítimas dessa mesma desigualdade.

Conheço pessoalmente Marina, com ela tive boas conversas e dela escutei muita generosidade e sabedoria.

Marina está crescendo nas pesquisas eleitorais e pode vir a comandar a República Federativa do Brasil; momento propício, portanto, para eu declarar a minha posição, que o faço baseado num conselho que escutei da própria Marina de que a boa (nova) política não se deve alicerçar no carisma pessoal.

Outra lição que aprendi com Marina é que muitas vezes é preferível perder ganhando a ganhar perdendo.

Resolvi, então, seguir os conselhos de Marina, não a apoiando nestas eleições, por convicção de que a sua candidatura não está oferecendo ao Brasil um caminho alternativo.

Votar por convicção, penso, é uma das coisas tradicionais da velha e boa política (sim, porque também há virtudes no velho e há vícios no novo) que eu não me disponho a abrir mão. 

Texto original: CARTA MAIOR