quarta-feira, 28 de março de 2012

Denúncia grave: “Demóstenes e Cachoeira armaram o mensalão por vingança”


Quem diz é o ex-prefeito de Anápolis (GO) Ernani de Paula, que conviveu com ambos. Ele foi amigo do bicheiro e sua mulher Sandra elegeu-se suplente do Senador do DEM em 2002; “Cachoeira Filmou, Policarpo publicou e Demóstenes repercutiu”

Marco Damiani

Cachoeira e Demóstenes teriam fabricado por vingança
 a primeira denúncia que culminou no mensalão,
 afirma ex-prefeito
O Mensalão, escândalo político que pode ser julgado ainda este ano pelo Supremo Tribunal Federal, acaba de receber novas luzes. Elas partem do empresário Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, cidade natal do contraventor Carlinhos Cachoeira e base eleitoral do senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

“Estou convicto que Cachoeira e Demóstenes fabricaram a primeira denúncia do mensalão”, disse o ex-prefeito. Para quem não se lembra, trata-se da fita em que um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, aparece recebendo uma propina de R$ 5 mil dentro da estatal. A fita foi gravada pelo araponga Jairo Martins e divulgada numa reportagem assinada pelo jornalista Policarpo Júnior. Hoje, sabe-se que Jairo, além de fonte habitual da revista Veja, era remunerado por Cachoeira – ambos estão presos pela Operação Monte Carlo. “O Policarpo vivia lá na Vitapan”, disse Ernani de Paula.

O ingrediente novo na história é a trama que unia três personagens: Cachoeira, Demóstenes e o próprio Ernani. No início do governo Lula, em 2003, o senador Demóstenes era cotado para se tornar Secretário Nacional de Segurança Pública. Teria apenas que mudar de partido, ingressando no PMDB. “Eu era o maior interessado, porque minha ex-mulher se tornaria senadora da República”, diz Ernani de Paula. Cachoeira também era um entusiasta da ideia, porque pretendia nacionalizar o jogo no País – atividade que já explorava livremente em Goiás.

Segundo o ex-prefeito, houve um veto à indicação de Demóstenes. “Acho que partiu do Zé Dirceu”, diz o ex-prefeito. A partir daí, segundo ele, o senador goiano e seu amigo Carlos Cachoeira começaram a articular o troco.

O primeiro disparo foi a fita que derrubou Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu, da Casa Civil. A fita também foi gravada por Cachoeira. O segundo, muito mais forte, foi a fita dos Correios, na reportagem de Policarpo Júnior, que desencadeou todo o enredo do Mensalão, em 2005.

Agora, sete anos depois, na operação Monte Carlo, o jornalista de Veja aparece gravado em 200 conversas com o bicheiro Cachoeira (veja aqui), nas quais, supostamente, anteciparia matérias publicadas na revista de maior circulação do País.

Até o presente momento, Veja não se pronunciou sobre as relações de seu redator-chefe com o bicheiro. E, agora, as informações levantadas pelo ex-prefeito Ernani de Paula contribuem para completar o quadro a respeito da proximidade entre um bicheiro, um senador e a maior revista do País. Demonstram que o pano de fundo para essa relação frequente era o interesse de Cachoeira e Demóstenes em colocar um governo contra a parede. Veja foi usada ou fez parte da trama?

TEXTO ORIGINAL NESTE ENDEREÇO:

terça-feira, 6 de março de 2012

“Fora disso, a situação já está superada”

segunda-feira, 5 de março de 2012

Demóstenes, o mafioso e a mídia

Por Altamiro Borges, em seu blog

E ainda tem gente que acredita na isenção da velha mídia! No final de 2011, ela simplesmente escondeu a publicação do livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro. Agora, ela evita falar sobre a Operação Monte Carlo, que resultou na prisão do mafioso Carlinhos Cachoeira e evidenciou as suas relações íntimas com demo Demóstenes Torres e o tucano Marconi Perillo.

O próprio líder do DEM no Senado, que a mídia projetava como “paladino da ética”, já confessou suas ligações com o criminoso – preso na operação da Polícia Federal sob a acusação de explorar casas de caça-níquel e cassinos ilegais, de montar uma rede ilegal de espionagem, de manter jornalistas na sua folha de pagamento e de nomear integrantes para o governo do PSDB de Goiás.

298 ligações telefônicas

“Sou amigo dele há anos. A Andressa, mulher dele, também é muito amiga da minha mulher”, admitiu Demóstenes Torres. Para piorar, o demo ainda afirmou na maior caradura: “Eu pensei que ele tivesse abandonado a contravenção e se dedicasse apenas a negócios legais”. O implacável opositor dos “malfeitos” nos governos Lula e Dilma dormia com o inimigo. Pobre inocente!

Agora surgem novas revelações. Os grampos telefônicos autorizados pela Justiça comprovam que o senador demo conversou 298 vezes com Carlinhos Cachoeira entre fevereiro e agosto de 2011. Ele tratava o mafioso como “professor”. Até ganhou de presente de casamento uma cozinha. As escutas também mostram que o mafioso era “dono” da área de segurança (segurança!) em Goiás.

“A coisa já está superada”

Apesar do escândalo, os principais jornalões, revistonas e emissoras de tevê continuam em silêncio. Ele só é rompido no próprio estado. É o caso da entrevista publicada no jornal O Popular, de Goiás. Nela, Demóstenes diz que “não pode ser condenado por uma amizade” e, pasmem, comemora o fato das denúncias não repercutirem na mídia nacional:

“Só há repercussão em Goiás, em alguns veículos, e no Correio Braziliense. Fora disso, a coisa já está superada”, festeja o demo.

Alguém ainda tem dúvida sobre a neutralidade da mídia? Será que nos documentos apreendidos e nas escutas telefônicas vai surgir o nome de algum jornalista da grande imprensa que fazia parte da folha de pagamento do mafioso? Por que os “calunistas” da mídia, que tanto bajulavam Demóstenes Torres, estão calados?

TEXTO REPLICADO DESTE ENDEREÇO: